No debate, especialistas enfatizam a necessidade de maiores recursos e conscientização sobre parto em casa.

No último dia 18 de agosto, em uma audiência pública na Comissão Especial sobre Violência Obstétrica e Mortalidade Materna da Câmara, especialistas discutiram a importância do parto domiciliar no Brasil. Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DataSUS), o parto domiciliar é realizado em menos de 1% dos nascimentos no país.

Durante a audiência, a enfermeira obstétrica Sabrina Seibert ressaltou a necessidade de fornecer mais informações sobre o parto domiciliar para as gestantes. Ela também apontou que não existem dados específicos sobre o parto domiciliar assistido, o que acaba levando a um entendimento equivocado de que ter um filho fora do ambiente hospitalar é perigoso.

De acordo com Seibert, a assistência obstétrica é fundamental durante todas as etapas do pré-natal, do parto e do pós-parto, para garantir a segurança da mulher e do bebê. Ela ressaltou que a assistência é preconizada atualmente e que é necessário superar o estigma de que apenas médicos ou enfermeiras podem realizar o parto, afirmando que a mulher é a protagonista desse momento.

A deputada Ana Paula Lima (PT-SC), presente na audiência, defendeu a importância do parto humanizado, que coloca a mulher no centro do nascimento. Para ela, é necessário mudar a cultura no país e deixar claro que a mulher tem o poder de dar à luz e sabe como fazê-lo, visto que isso faz parte da natureza humana.

Em relação ao acesso à informação, o Hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, é referência em partos humanizados no SUS. Há 40 anos, a instituição oferece três opções de nascimento: domiciliar, na casa de parto ou no hospital. Raquel Rabelo, enfermeira obstetra da equipe de parto domiciliar planejado do hospital, afirmou que a elitização do parto domiciliar está diminuindo, conforme mais mulheres têm acesso à informação de que esse é um tipo de parto viável.

Tanila Amorim, representante do Coletivo SobreParto, destacou a necessidade de normalizar a escolha pelo parto domiciliar, investir na capacitação dos profissionais, ampliar a oferta e viabilizar a assistência pelo SUS, caso necessário durante o parto. Paula Viana, coordenadora do Grupo Curumim, pediu mais atenção às parteiras tradicionais, que muitas vezes trabalham sozinhas e em condições precárias, atendendo onde o SUS não chega.

É fundamental que políticas públicas sejam implementadas para garantir o direito de todas as mulheres escolherem o parto domiciliar, desde que atendam aos critérios determinados por cada equipe. A disseminação de informações corretas e o apoio adequado são essenciais para a promoção dessa modalidade de parto no Brasil.

Reportagem: Karla Alessandra
Edição: Ana Chalub

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo