Economistas alertam para necessidade de planejamento estratégico após renegociações do Desenrola para garantir estabilidade econômica.

O programa Desenrola completou seu primeiro mês de existência no último dia 17, atendendo a cerca de 985 mil clientes e renegociando aproximadamente R$ 8,1 bilhões em dívidas bancárias, de acordo com um balanço recente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Apesar do sucesso inicial do programa, economistas alertam para a necessidade de cuidado por parte dos consumidores que têm suas dívidas quitadas.

Uma das principais críticas está relacionada à falta de educação financeira na primeira fase do programa, que retirou do cadastro negativo os débitos de até R$ 100 e está refinanciando as dívidas bancárias de clientes com renda mensal de até R$ 20 mil. Sem um planejamento adequado, os especialistas advertem que o alívio financeiro pode ser temporário, com o consumidor voltando a se endividar novamente.

Um ponto de atenção é o fato de que os débitos de até R$ 100 não deixam de existir, sendo apenas retirados do cadastro negativo. As instituições financeiras ainda continuarão a corrigir essas dívidas com juros, que possuem uma taxa média de 59,9% ao ano no crédito para pessoas físicas, de acordo com o Banco Central. Dessa forma, esses débitos podem dobrar em um ano e meio.

De acordo com a Febraban, cerca de cinco milhões de registros de dívidas de até R$ 100 foram retirados do cadastro negativo até o final de julho deste ano. Grande parte dessas dívidas são referentes a contas esquecidas nas instituições financeiras, que ainda estão sujeitas a tarifas. No entanto, muitos correntistas nem sequer têm conhecimento desses débitos, pois não verificam seus extratos bancários regularmente.

Os economistas concordam que é necessário um planejamento por parte dos consumidores que parcelaram suas dívidas no programa Desenrola, para evitar o endividamento após a renegociação. A recomendação é que as pessoas honrem os compromissos renegociados antes de fazer novas compras a prazo.

Uma das críticas ao programa Desenrola é a falta de um programa de reeducação financeira para os clientes. Embora alguns bancos realizem campanhas de esclarecimento por meio de vídeos, essa não é uma exigência obrigatória para aderir às renegociações. Os cursos de educação financeira estão previstos apenas para a segunda etapa do programa, que englobará dívidas não bancárias.

Além disso, os consumidores também precisam estar atentos aos golpes relacionados ao programa. Desde o seu lançamento, golpistas têm enviado links falsos por e-mail, SMS ou aplicativos de mensagens, oferecendo renegociações falsas. Os consumidores devem procurar as instituições financeiras apenas pelos canais oficiais, como aplicativos, sites ou atendimento presencial nas agências.

O Desenrola é um programa passivo, ou seja, a iniciativa de renegociar as dívidas parte do próprio devedor. Não há iniciativa por parte das instituições financeiras em abordar os devedores. É importante que os consumidores busquem informações confiáveis e evitem cair em golpes que possam comprometer ainda mais sua situação financeira.

O programa Desenrola se mostra como uma solução viável para a renegociação de dívidas, porém é fundamental que os consumidores tenham um planejamento adequado, busquem educação financeira e tomem cuidado com possíveis golpes. Dessa forma, o programa poderá ser eficaz em auxiliar as pessoas a saírem do endividamento e reorganizarem suas finanças.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo