O Sítio Arqueológico foi identificado em abril de 2022, quando as obras da futura Estação Saracura/14 Bis, da linha 6-Laranja do metrô, já haviam sido iniciadas. A construção das obras desalojou a Escola de Samba Vai-Vai, fundada por descendentes do Quilombo Saracura, que atualmente é localizado no bairro do Bixiga. Em maio deste ano, um procurador e uma perita do Ministério Público Federal (MPF) fizeram uma vistoria e avaliaram a forma como estão sendo conduzidos os trabalhos arqueológicos no local, que pode ter vestígios de um antigo quilombo.
Durante o ato, a socióloga e integrante do Mobiliza Saracura/Vai-Vai, Rose Almeida, ressaltou a importância de exigir a revisão do licenciamento da obra, que possui irregularidades, especialmente pela dispensa da pesquisa prévia arqueológica. Segundo ela, essa pesquisa traria dados históricos e jornalísticos sobre o território e a existência do quilombo. Além disso, ela mencionou a necessidade do Mobiliza Saracura/Vai-Vai poder acompanhar o resgate arqueológico, para saber o que está sendo encontrado e de que forma isso está acontecendo, enfatizando a importância da participação social e comunitária nesse processo.
Outra demanda levantada por Rose Almeida é a falta de um plano de mitigação dos impactos da obra na área e na comunidade. Atualmente, diversos estabelecimentos comerciais ao redor da obra estão fechando devido às alterações viárias e ao fechamento de ruas. Isso tem causado transtornos para os moradores, que estão enfrentando dificuldades para chegar em suas casas. Além disso, com a valorização da área devido à construção do metrô, os valores dos aluguéis têm aumentado, forçando muitas pessoas, principalmente negras das classes C, D e E, a se mudarem por não conseguirem arcar com os novos preços. Esse fenômeno tem contribuído para o branqueamento da região central da cidade em função das questões econômicas.
O movimento Mobiliza Saracura/Vai-Vai continua lutando pela preservação do território do Quilombo do Saracura, pela participação social nas obras arqueológicas, pela mitigação dos impactos da construção e pela garantia da permanência das comunidades negras na região. É fundamental que haja diálogo com a comunidade e que suas demandas sejam ouvidas e atendidas. A preservação da história e cultura quilombola é um patrimônio importante para todos os cidadãos e deve ser valorizada e protegida.
