Segundo pesquisador, é necessário que as TVs exibam a diversidade racial do Brasil em sua programação.

A televisão no Brasil, desde seus primórdios nos anos 1950, desempenhou um papel fundamental na tentativa de apagamento das raízes culturais e da pluralidade racial no país, de acordo com o professor Richard Santos. Ele lançou recentemente o livro “Mídia, Colonialismo e Imperialismo Cultural”, onde revela como a televisão brasileira recebeu apoio financeiro e técnico dos Estados Unidos, prejudicando assim a comunicação nacional.

Em uma entrevista à Agência Brasil, Santos afirma que o Brasil vivenciou uma “dominação colonial” por meio dos meios audiovisuais, já que as diretrizes e normas de produção televisiva adotadas inicialmente eram baseadas na realidade norte-americana, que era branca e segregacionista. Segundo o pesquisador, essa dominação colonial ainda persiste, uma vez que a gestão das TVs é majoritariamente branca, o que impede uma representação efetiva da diversidade racial nos meios de comunicação.

Santos argumenta que há uma necessidade de regulamentação dos meios de comunicação para que se cumpra o que determina a Constituição, e que a comunicação pública é a chave para uma mudança de cenários. Ele ressalta que a falta de pluralidade nos órgãos de comando da televisão gera um imperialismo cultural, que impede a produção de conteúdos que representem a diversidade cultural e estética do Brasil.

O pesquisador destaca que, ao longo do tempo, a televisão brasileira deixou de lado a estética e as vozes negras que eram tão presentes no rádio, migrando para um padrão euro-estadunidense de audiovisual. Com a ascensão da televisão, houve um processo de branqueamento e posterior apagamento das vozes e artistas não-brancos, que foram substituídos por pessoas produzidas de acordo com os interesses da indústria cultural.

Além disso, Santos ressalta a influência das ditaduras militares na América Latina, que silenciaram movimentos sociais e a luta pela igualdade racial. Ele defende que, apesar dos avanços conquistados pela Constituição de 1988, é necessário regulamentar a pluralidade dos meios de comunicação, proibindo a propriedade cruzada e os oligopólios. Isso permitiria um acesso mais igualitário aos direitos da maioria minorizada.

Nesse contexto, o papel da comunicação pública é essencial para a emancipação e formação de uma cidadania plural, livre dos interesses comerciais e disputas de poder. A comunicação pública deve estar a serviço da formação do país e da nação que se deseja construir.

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