Nordeste enfrenta desafio de democratizar tecnologia para aumentar a produtividade agrícola, visando impulsionar o desenvolvimento regional.

Democratizar o acesso à tecnologia e ao conhecimento no campo é uma das principais tarefas a serem cumpridas pelo Brasil para impulsionar a produtividade agrícola no Nordeste brasileiro. Essa foi uma das discussões realizadas na sexta edição do seminário Agronegócio Sustentável, promovido pela Folha, em parceria com o Banco do Nordeste e a Agropalma.

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou a existência de exemplos bem-sucedidos na região que podem ser replicados. Para isso, é fundamental promover a inclusão digital e socioprodutiva, mostrando aos produtores como a tecnologia pode agregar valor e reduzir custos. Um exemplo de parceria público-privada bem-sucedida foi citado, em que um produtor de milho em Pernambuco aumentou sua produção de 15 para 135 sacas por hectare, graças à melhoria na gestão e no tratamento do solo.

Apesar desse avanço, a produção total de milho no Brasil ainda é concentrada no Centro-Oeste, mas estima-se que os estados do Nordeste contribuam com cerca de 12 milhões de toneladas no ciclo 2022/2023. No entanto, a produtividade na região nordestina ainda é inferior à média nacional, com projeção de produção de 3.641 quilos por hectare de área cultivada, enquanto o Centro-Oeste atinge 6.521 quilos por hectare.

Humberto Miranda Oliveira, presidente da Faeb e produtor de gado de corte e leite na Bahia, ressaltou que um dos desafios para disseminar o aumento da produtividade aos demais produtores é a qualidade da educação na região, influenciando diretamente nos salários, na saúde, na produção e no acesso à informação. Segundo ele, o Nordeste possui condições climáticas favoráveis, com temperatura estável, sol o ano todo, água no semiárido e solos férteis, como em Irecê (BA), mas possui um dos menores índices de conectividade no campo.

A baixa conectividade rural impacta diretamente na produtividade, pois impede o aproveitamento do desempenho de máquinas agrícolas modernas que transmitem informações em tempo real. Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste, defendeu a replicação do modelo de educação vigente no Ceará e em Pernambuco nas demais regiões do Nordeste, que universalizou o ensino em tempo integral durante o ensino médio.

Além disso, Oliveira enfatizou a importância de um projeto de longo prazo focado no desenvolvimento agropecuário na região e destacou os casos de sucesso na fruticultura irrigada no Vale do São Francisco. Essa tecnologia, desenvolvida em parceria com órgãos públicos e privados, incentiva as exportações de frutas e reduz a dependência de produtos importados, como os provenientes do Chile.

Os investimentos do Banco do Nordeste também visam aumentar a mecanização do campo, por meio da concessão de crédito aos agricultores. Com o último Plano Safra, o tíquete médio para pequenos produtores foi elevado de R$ 6.000 para R$ 12 mil, com valores diferenciados para mulheres e homens. O objetivo é gerar mais renda e aumentar a empregabilidade.

Em resumo, o evento destacou a importância de democratizar o acesso à tecnologia e ao conhecimento no campo, por meio do aumento da inclusão digital e socioprodutiva. Além disso, ressaltou a necessidade de melhorar a qualidade da educação na região, investir em conectividade rural e promover um projeto de longo prazo voltado para o desenvolvimento agropecuário no Nordeste. A fruticultura irrigada no Vale do São Francisco foi apresentada como um caso de sucesso, demonstrando o potencial da região em aumentar a produtividade agrícola.

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