A Intenção de Consumo das Famílias atinge níveis recordes desde 2015, segundo a CNC.

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu o maior nível desde 2015, de acordo com um indicador elaborado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em agosto, o índice cresceu 1,4% em relação a julho, chegando a 101,1 pontos. Esse patamar está acima de 100 pontos, o que indica um sentimento de otimismo por parte dos consumidores.

A última vez em que o ICF esteve positivo foi em abril de 2015, com 102,9 pontos. Desde janeiro deste ano, o indicador tem registrado altas mensais. A economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, atribui essa tendência ao recente declínio da inflação e ao mercado de trabalho favorável. Segundo ela, 42,5% dos entrevistados afirmam estar mais seguros em seus empregos em relação ao ano passado, o maior percentual desde março de 2015.

Ferreira ressalta que o aumento das contratações formais e a percepção de melhora na renda atual dos brasileiros têm impulsionado a intenção de compra nos últimos meses. A pesquisa da CNC foi feita com a participação de 18 mil consumidores. Em agosto, seis dos sete quesitos que compõem o ICF apresentaram queda, mas todos tiveram melhorias no acumulado do ano.

No entanto, o endividamento ainda é uma preocupação. Cerca de 40% dos consumidores afirmam que estão comprando menos do que há um ano. Isso tem impactado as vendas no varejo, que têm encontrado dificuldades para sustentar um crescimento uniforme em todos os segmentos.

A CNC destaca que o custo do crédito tem apresentado uma tendência de suavização no país. Com base em dados do Banco Central, a taxa média de juros em todas as modalidades de crédito com recursos livres caiu para 59,1% em junho, uma redução de 0,8 ponto percentual em comparação a maio, o primeiro recuo desde dezembro de 2022.

Essa mudança também foi refletida no ICF. Nos últimos 12 meses, caiu de 41,5% para 36,9% a proporção de consumidores que consideram mais difícil conseguir crédito, enquanto o índice daqueles que acreditam que o acesso a empréstimos está mais fácil subiu 4 pontos percentuais, chegando a 28,5% – o maior nível desde maio de 2020.

A CNC acredita que a redução dos juros e da inadimplência nos próximos meses irá melhorar o acesso ao crédito. A economista Izis Ferreira espera que os programas de renegociação de dívidas, como o Desenrola Brasil, e a redução contínua dos juros proporcionem condições para que os consumidores possam consumir. A tendência é que o indicador de acesso ao crédito melhore até o final do ano e que a intenção de consumo continue crescendo.

Outra pesquisa feita pela CNC, a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em agosto, mostrou uma queda no nível de endividamento das famílias brasileiras, a primeira em sete meses. Isso reforça a expectativa de melhora na situação financeira dos consumidores.

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