Líder mercenário russo envolvido em avião acidentado, repetindo padrão da tragédia Gol em 2006. Coincidência ou falha sistêmica?

No dia 23 de junho, um acidente aéreo na Rússia chamou a atenção do mundo. O avião Legacy 600, que transportava o líder do grupo mercenário Wagner, caiu. Esse tipo de aeronave, no entanto, já havia sido protagonista de uma das maiores tragédias da aviação brasileira, que ocorreu em 2006.

Naquele fatídico dia, um Boeing 737 da Gol (voo 1907), com 154 pessoas a bordo, colidiu no ar com um Legacy 600 sobre a Amazônia. O jato americano, comprado pela Swift Aviation, iniciou sua viagem em São José dos Campos (SP) com destino a Fort Lauderdale, na Flórida (EUA), fazendo uma escala em Manaus (AM).

A tragédia aconteceu quando a aeronave estava sobre a floresta amazônica no estado de Mato Grosso. O Legacy colidiu com a asa do Boeing, resultando em danos significativos na asa do jato americano. No entanto, os pilotos conseguiram realizar um pouso de emergência na base aérea da serra do Cachimbo, no Pará, sem ferimentos às sete pessoas a bordo. Infelizmente, o Boeing caiu no meio da mata, resultando na morte de todos os passageiros e tripulantes.

A investigação liderada pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) concluiu que o acidente ocorreu devido a erros dos controladores aéreos e dos pilotos do Legacy. Durante o impacto, o avião estava na altitude errada e na contramão. Os controladores não perceberam a situação e os pilotos não notaram que o transponder, responsável pelo sistema anticolisão TCAS, estava desligado. Se o TCAS estivesse funcionando, a colisão poderia ter sido evitada.

Em 2011, os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino foram condenados pelo acidente. Entretanto, o governo americano determinou que eles não foram os responsáveis, mas sim os controladores. Dessa forma, nenhum dos envolvidos recebeu punições.

O Legacy 600, lançado pela Embraer em 2000, teve sua produção encerrada em 2020, sendo substituído pelos modelos Phenom e Praetor. Com envergadura de 21 metros e comprimento de 26 metros, pesa 22.500 kg e tem capacidade para transportar entre 12 e 15 passageiros. Sua autonomia de voo é de 6.290 km, com velocidade de cruzeiro de 870 km/h.

O avião acidentado na Rússia em 2021 foi produzido em 2007 para a Linxair, empresa da Sérvia. Após sua fabricação, ele foi utilizado por outras empresas de aviação executiva, como a International Jet Management (Áustria), MNG Jet (Turquia) e Autolex Transport (Rússia), antes de ser adquirido pelo Grupo Wagner em setembro de 2020.

Já o avião envolvido na tragédia de 2006, após quatro anos parado na base aérea da serra do Cachimbo, foi vendido para uma empresa especializada em compra e revenda de aviões. Em novembro de 2010, foi levado para os Estados Unidos, onde passou por reformas na asa. Posteriormente, foi colocado à venda no mercado com pouco uso e abaixo do preço de mercado, sendo comprado por uma empresa de aviação executiva mexicana.

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