Delgatti, conhecido como Hacker da Vaza Jato, é suspeito de ter invadido os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserido documentos falsos e alvarás de soltura no Banco Nacional de Mandados de Prisão.
Além disso, o hacker também é réu em um processo por ter invadido os celulares do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, hoje senador, Sergio Moro, e divulgado conversas entre Moro e outras autoridades, como o deputado federal Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa Lava Jato.
Essas divulgações ilegais de informações extraídas dos aparelhos telefônicos de autoridades deram origem à Operação Vaza Jato, que revelou os bastidores da Operação Lava Jato e apontou supostos vazamentos seletivos por parte do Poder Judiciário, além de possíveis violações do devido processo legal e do princípio da imparcialidade.
Na última segunda-feira (21), o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, proferiu uma sentença condenando Delgatti a 20 anos de prisão, juntamente com outros seis acusados pela invasão dos celulares de Moro. No entanto, a decisão pode ser objeto de recurso.
Delgatti já prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, no qual afirmou que invadiu o sistema do CNJ com o objetivo de desmoralizar o Poder Judiciário, alegando que teria recebido R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli para realizar a ação. Delgatti também afirmou ter se reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teria pedido para que o hacker assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Tanto Zambelli como Bolsonaro negam as acusações.
Além da convocação de Delgatti, os deputados distritais também aprovaram dois requerimentos de informação. Um dos requerimentos solicita ao Comando Militar do Planalto informações sobre as medidas adotadas para garantir a segurança da área onde fica o Quartel-General do Exército, em Brasília, e sobre a presença de manifestantes que acamparam naquele local por meses. O outro requerimento pede ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que forneça todas as informações disponíveis sobre os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro deste ano, esclarecendo quais medidas de segurança foram adotadas para evitar a invasão do Palácio do Planalto.
A convocação de Delgatti e a aprovação dos requerimentos fazem parte dos esforços da CPI dos Atos Antidemocráticos para investigar possíveis violações à democracia e às instituições democráticas no Distrito Federal. A CPI pretende esclarecer as circunstâncias dos ataques aos Três Poderes e a eventual participação de Delgatti e de outras pessoas nessas ações.
