Sargento nega envolvimento nos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro, em depoimento à polícia.

O sargento Luis Marcos dos Reis, que fez parte da equipe de ajudantes de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de vandalismo de 8 de janeiro. Durante seu depoimento, o militar admitiu que cometeu um “ato impensado” ao ir à Esplanada dos Ministérios durante as manifestações e expressou seu arrependimento.

Luis Marcos dos Reis está preso há 114 dias e é acusado de envolvimento em fraudes com cartões de vacinação do ex-presidente e seus familiares, além de participar dos atos de vandalismo e ter realizado movimentações financeiras irregulares. No entanto, em seu depoimento, ele se recusou a falar sobre as acusações relacionadas aos cartões de vacinação.

Durante o interrogatório, o sargento foi questionado sobre movimentações financeiras em sua conta bancária que ultrapassam R$3 milhões em menos de um ano. A relatora da CPMI apontou depósitos provenientes da empresa madeireira Cedro do Líbano, que está sendo investigada pela Polícia Federal. No entanto, Luis Marcos dos Reis afirmou que essas movimentações se referem à sua passagem para a reserva, participação em consórcios e à intermediação de venda de um carro para o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro.

Quanto à participação nos atos de 8 de janeiro, ele admitiu ter ido à Esplanada após ver as imagens de vandalismo na televisão. No entanto, garantiu que permaneceu no local por apenas 40 minutos e negou ter participado de atos golpistas ou cometido qualquer ato de violência ou vandalismo.

Os parlamentares da base aliada do governo confrontaram o depoimento de Luis Marcos dos Reis com mensagens encontradas em seu celular, apontando contradições. Além disso, eles não ficaram satisfeitos com as explicações sobre as movimentações financeiras. O deputado Rafael Brito destacou que o sargento deixou lacunas não explicadas, o que pode complicar sua situação legal.

Por sua vez, os parlamentares aliados de Bolsonaro defenderam o sargento, alegando que ele está sendo alvo de revanchismo político. O deputado Pastor Marco Feliciano argumentou que a CPMI está tratando de assuntos que não são relacionados aos atos de 8 de janeiro, e que o sargento está ali apenas por ter trabalhado com o ex-presidente.

Os trabalhos da CPMI continuarão com os depoimentos do coronel Fabio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, agendado para esta terça-feira, e do coronel Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, na quinta-feira.

O depoimento de Luis Marcos dos Reis trouxe mais informações sobre sua participação nos atos de vandalismo e sobre suas movimentações financeiras. No entanto, as contradições encontradas pelos parlamentares e as explicações consideradas insatisfatórias tornam sua situação ainda mais delicada perante a Justiça.

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