Spotify e Mercado Livre solicitam alterações no projeto de regulamentação dos mercados digitais em tramitação.

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (24) na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, as empresas Spotify e Mercado Livre manifestaram a necessidade de mudanças no projeto de regulamentação dos mercados digitais (PL 2768/22). Representantes das duas companhias expuseram seus posicionamentos e defenderam a importância de uma regulamentação adequada.

Luizio Felipe Rocha, consultor de relações governamentais do Spotify, afirmou que uma boa regulamentação pode proteger as empresas de abusos por parte dos dispositivos móveis que dominam o mercado. Ele citou como exemplo a situação enfrentada pelo Spotify em relação à Apple, que exige que determinados aplicativos paguem uma taxa de 30% pelo uso de seu sistema de venda de aplicativos. No entanto, a Apple Music e o Uber, que não são concorrentes diretos da Apple, não precisam pagar essa taxa. Rocha ainda ressaltou que a Apple favorece seus próprios serviços no streaming de música. A empresa, no entanto, não enviou representantes para a audiência.

O representante do Spotify também levantou a questão das taxas baseadas nas receitas das empresas, que podem ser “pouco equitativas”. Ele apontou que isso poderia isentar empresas como Google e Apple devido aos seus modelos de negócios. Segundo Rocha, essas plataformas dominantes têm suas receitas indiretamente atribuídas a outras atividades, como a venda de dispositivos e a publicidade. Ele ressaltou que a Apple não vende separadamente seu sistema operacional IOS e que o Google é monetizado por meio de receitas de publicidade.

Adriana Cardinali, diretora de Enhanced Marketplace do Mercado Livre, concordou que o Brasil não deve importar modelos de regulamentação de outros países. Ela destacou que critérios como faturamento e número de inscritos podem mascarar o nível de concorrência efetiva nos mercados. Para Cardinali, esses critérios são inadequados e podem prejudicar mercados competitivos.

A audiência também contou com a participação de Ricardo Medeiros, economista-adjunto do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Medeiros enfatizou as dificuldades enfrentadas pelo Cade em ter acesso a dados que permitam a fiscalização e defendeu a aprovação de um projeto que daria ao órgão acesso aos bancos de dados da Receita Federal.

A relatora do projeto, deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), ressaltou a importância dos mercados digitais na economia local e destacou a necessidade de um debate aprofundado sobre a regulamentação do setor. Ortiz pretende elaborar um texto que promova a competitividade, a concorrência, a inovação, o crescimento econômico e os direitos dos consumidores e empreendedores.

Com isso, a audiência pública foi marcada pela exposição dos posicionamentos das empresas Spotify e Mercado Livre, que defenderam mudanças no projeto de regulamentação dos mercados digitais. Os representantes das duas companhias enfatizaram a importância de uma regulamentação adequada para garantir a proteção das empresas e a promoção da concorrência. A expectativa é que o debate continue e prossiga com um seminário que inclua demais players do setor.

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