Após sucessivos protestos, Cracolândia movimenta-se para áreas diferentes durante o dia, relata-se.

A aglomeração de usuários de drogas conhecida como cracolândia, que ocorre na região central de São Paulo, ganhou uma nova dinâmica após uma série de protestos organizados por comerciantes e moradores. Há pouco mais de uma semana, foi estabelecido um rodízio de ocupação nas ruas, dividindo os turnos diurno e noturno.

A prefeitura, em conjunto com a gestão do governador Tarcísio de Freitas, encontrou essa solução para reduzir o incômodo dos comerciantes da rua Santa Ifigênia durante o dia e dos moradores dos prédios residenciais durante a noite. Pela manhã, a partir das 6h, os dependentes químicos são escoltados pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) até a rua dos Protestantes, onde devem permanecer até as 18h. Após esse horário, eles são levados para a rua dos Gusmões, no trecho entre a avenida Rio Branco e a Santa Ifigênia, conhecida por seu comércio de produtos eletrônicos.

Essa estratégia foi pensada levando em consideração o fato de que os moradores da rua dos Protestantes saem de casa pela manhã e só retornam no fim da tarde, quando os usuários já foram retirados do local. Já o trecho da rua dos Gusmões, voltado para atividades comerciais, fica praticamente vazio após o horário comercial, possibilitando a ocupação do fluxo durante a noite.

Essa nova dinâmica é complementada por ações de zeladoria, que incluem a limpeza das ruas após a desocupação e a coleta do lixo acumulado. O rodízio de ocupação nas ruas começou cerca de 10 dias após um protesto organizado por comerciantes da Santa Ifigênia, que fecharam as portas contra a presença dos usuários de drogas em uma área próxima da rua.

Diferente de manifestações anteriores, que contavam com a participação de algumas dezenas de moradores e comerciantes, esse protesto teve o apoio de centrais sindicais das categorias profissionais que atuam na região. Funcionários usando uniformes dos estabelecimentos comerciais empunhavam apitos e cartazes com frases como “Lute pela Santa Ifigênia” e “Lute pelo seu trabalho seguro”.

No dia seguinte, os usuários migraram para a rua dos Protestantes, e os moradores de um condomínio residencial ergueram seus cartazes contra a permanência da cracolândia. No entanto, há reclamações tanto dos comerciantes quanto dos moradores. Os usuários têm desafiado os planos da prefeitura e do governo, ocupando as ruas em horários inesperados e causando correria entre os clientes dos estabelecimentos comerciais.

Além disso, os moradores mencionam que a rua dos Protestantes não comporta toda a aglomeração, pois é curta e estreita. Também relatam que o efetivo policial diminui consideravelmente após as 18h, e que grupos de usuários se espalham por toda a rua dos Gusmões e não apenas no trecho delimitado. Houve também relatos de conflitos entre moradores e dependentes químicos, onde cartazes foram rasgados.

A gestão do prefeito Ricardo Nunes destaca que a dinâmica da cracolândia possui suas próprias peculiaridades, e a mudança de fluxo tem sido um desafio para a administração municipal. A Secretaria de Segurança Pública informa que investiu em tecnologia e inteligência policial para identificar foragidos da justiça e infratores. Também houve um aumento do efetivo policial no centro da cidade.

Apesar das medidas adotadas, tanto a prefeitura quanto o governo ainda buscam uma solução definitiva para o problema da cracolândia e o incômodo que ela causa aos moradores e comerciantes da região central de São Paulo.

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