Em um mês, o número de mortos em ações da PM em Santos e Guarujá sobe para 22 vítimas.

Duas pessoas foram mortas por policiais militares na noite de quarta-feira (23) em Santos e Guarujá, elevando para 22 o número de mortes por intervenção policial na Operação Escudo. De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), as duas vítimas mais recentes são um homem de 25 anos e um adolescente de 17.

A ação ocorreu em Guarujá, onde os policiais atuavam em uma comunidade, quando identificaram traficantes armados no local. Durante a abordagem, um dos suspeitos apontou uma arma em direção aos PMs, que retaliaram com disparos que atingiram o suspeito. Ferido, ele foi levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da praia da Enseada, mas acabou não resistindo aos ferimentos. A SSP divulgou que o suspeito estava portando uma mochila com drogas, um rádio-comunicador e dinheiro.

No mesmo dia, em Santos, o adolescente de 17 anos foi morto durante uma tentativa de roubo a um veículo. Os policiais militares, durante patrulhamento, flagraram o casal sendo retirado à força do carro por dois criminosos, que fugiram com o veículo. Ao colidir contra um muro, o adolescente sacou a arma que portava e foi atingido pelos policiais. Ele foi levado ao pronto-socorro, mas não resistiu aos ferimentos. O comparsa conseguiu escapar.

Em ambos os casos, as armas dos PMs foram apreendidas, assim como as pistolas que supostamente estavam com as vítimas.

Operação é a mais letal da PM em mais de 30 anos

A Operação Escudo é considerada a mais letal da Polícia Militar de São Paulo em mais de três décadas, desde o massacre do Carandiru. A ação foi iniciada no final de julho, logo após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota. Moradores da região denunciaram que alguns casos envolviam pessoas desarmadas e relataram invasões de casas por policiais mascarados, além de ameaças e indícios de tortura. No entanto, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nega essas acusações e afirma que não há evidências de abusos por parte dos policiais.

Imagens de câmeras corporais de policiais militares, enviadas ao Ministério Público de São Paulo, mostraram registros de confrontos com criminosos em apenas três dos 16 casos iniciais, que resultaram em mortes, ocorridos entre 28 de julho e 2 de agosto.

Durante aproximadamente duas semanas, a operação na Baixada Santista não registrou mortes. No entanto, no dia 15 de setembro, um delegado da Polícia Federal foi baleado e, segundo informações fornecidas por entidades, seu estado de saúde é grave. Após esse ataque ao agente federal, outras quatro pessoas foram mortas em ações da PM.

“Todos os 22 casos de morte decorrente de intervenção policial durante a Operação Escudo estão sendo investigados pela DEIC de Santos e pela Polícia Militar, através do Inquérito Policial Militar”, informou a SSP. “Além disso, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa mobilizou policiais civis e técnicos-científicos para apoiar as investigações. A operação continua com o objetivo de combater o tráfico de drogas e o crime organizado. Até o momento, foram presas 621 pessoas, incluindo 236 foragidos da Justiça, e apreendidas 82 armas e 895 kg de entorpecentes.”

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