Moradores afirmam que homem morto pela PM em Guarujá apresentava unhas arrancadas e estava com alicate próximo ao corpo.

O caso do encanador Willians dos Santos Santana, de 36 anos, morto por policiais militares em Guarujá, tem gerado indignação entre moradores da região. O corpo de Santana foi entregue à família com sinais de tortura, incluindo ferimentos no rosto, hematoma na cabeça, unhas das mãos arrancadas e cortes e perfurações nos braços.

A reportagem teve acesso a depoimentos de oito pessoas, entre familiares e vizinhos, que confirmaram ter presenciado o momento em que os policiais entraram no barraco de Santana. Além disso, encontraram evidências de tortura tanto na residência quanto no corpo da vítima. Um alicate ensanguentado e uma faca foram encontrados no chão do barraco, próximo ao local onde o corpo estava caído.

Testemunhas relatam que a perfuração no rosto de Santana, entre o nariz e o olho, parece condizer com um ferimento provocado por faca. Um vizinho disse ter visto pedaços de pele no chão, enquanto um amigo observou que o braço da vítima estava com a pele se desfazendo durante o velório.

É importante ressaltar que este é o segundo caso com relatos de suposta tortura por parte dos moradores desde o início da Operação Escudo, que já causou a morte de 22 pessoas pela PM. O outro caso ocorreu em julho, e também houve relatos de gritos de socorro, além de marcas de cigarro e cortes no braço da vítima.

A operação em questão tem sido alvo de críticas devido às denúncias de abusos e de mortes de pessoas não envolvidas com o crime organizado. No entanto, o governador do estado, Tarcísio de Freitas, e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, defendem a atuação da PM e afirmam que os laudos oficiais das mortes foram elaborados de acordo com a lei e não apresentam sinais de tortura.

É importante salientar que Santana era um trabalhador, tendo atuado como encanador em obras da Sabesp e da Prefeitura de Guarujá. Além disso, ele realizava outros serviços, como eletricista e cabeleireiro, para complementar sua renda. Segundo relatos, o encanador teria sido ameaçado por policiais militares semanas antes de sua morte.

No dia do incidente, Santana foi abordado pela polícia enquanto realizava um serviço no bairro de Perequê. Testemunhas afirmaram que ele tentou fugir para dentro do barraco ao se deparar com os policiais. Houve uma troca de tiros, e o encanador acabou sendo atingido pelos disparos.

Vale ressaltar que Santana nunca foi visto portando arma de fogo e não tinha antecedentes criminais. A versão apresentada pelos policiais é de que ele teria atirado contra a equipe e estava armado dentro do barraco. Porém, moradores afirmam que nenhum policial utilizava câmeras nas fardas.

O caso tem provocado indignação entre os moradores da região, que alegam abuso de poder por parte da polícia. Manifestações têm ocorrido, com os moradores se referindo a Santana como um “trabalhador morto”. A Operação Escudo, considerada a mais letal da PM desde o massacre do Carandiru, está sob investigação, e as autoridades responsáveis estão analisando o conjunto probatório, incluindo imagens das câmeras corporais dos policiais, para apurar os fatos.

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