A área de escape na fatal serra que vitimou torcedores corintianos permanece apenas no papel até hoje, sem implementação visível.

Estudo avalia construção de área de escape na serra de Igarapé após acidente com ônibus de torcedores corintianos

Um estudo está sendo realizado para avaliar a construção de uma área de escape na serra de Igarapé, onde ocorreu um acidente envolvendo um ônibus de torcedores corintianos no último dia 20. Ainda em fase embrionária e sem data para implantação, a medida busca evitar tragédias semelhantes no futuro.

A perícia realizada pela Polícia Civil mineira apontou que o acidente foi causado pela falta de freios no veículo, que bateu em um barranco antes de tombar. A região onde ocorreu o acidente já registrou 67 acidentes ao longo de um ano, o que reforça a necessidade de medidas de segurança no local.

A instalação de áreas de escape em locais de longos trechos de serra e com altos índices de acidentes é uma solução eficaz para evitar tragédias. Antônio César Ribas Sass, diretor da concessionária Arteris, responsável pela administração da rodovia Fernão Dias, afirma que essas áreas de escape são uma “última chance” para os motoristas em situações de emergência. A concessionária já possui três desses equipamentos em outras estradas, que já salvaram a vida de 993 pessoas.

No Brasil, as rampas de escape já foram utilizadas mais de 1.500 vezes desde a construção da primeira delas em 2000, na rodovia Anchieta. Essas áreas contam com uma saída paralela à pista da rodovia, que direcionam o veículo a uma caixa cheia de cinasitas (bolinhas de argila expandidas). À medida que o veículo afunda na caixa, sua energia é dissipada e ele para.

As rampas de escape da Anchieta permitem a parada completa de veículos, mesmo os mais pesados e em alta velocidade, devido à sua inclinação da rampa, contrária à pista. Além da argila, essas áreas contam com um sistema de drenagem e armazenamento para evitar vazamentos de cargas líquidas perigosas no solo. A manutenção das pedras é feita anualmente, dependendo do número de acessos.

Atualmente, há 13 áreas de escape em estudo para serem instaladas em locais com alto número de acidentes, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Esses projetos estão sendo tratados como uma política pública desde 2019. No entanto, ainda não há uma norma técnica no Brasil para a construção dessas áreas.

Em Minas Gerais, uma lei sancionada em 2022 torna obrigatória a implantação de rampas de escape nas rodovias estaduais a serem construídas ou duplicadas pelo governo do estado. Na capital Belo Horizonte, uma rampa de escape construída pela prefeitura foi acessada nove vezes por veículos pesados desgovernados em menos de um ano.

O local onde ocorreu o acidente com os torcedores corintianos na serra de Igarapé está sendo analisado para a construção de novas rampas de acesso. No entanto, ainda não há um projeto protocolado na ANTT. A concessionária responsável pela rodovia já implementou melhorias na serra, como reforço na sinalização e alertas aos motoristas.

Um projeto de lei que prevê a instalação de rampas de escape em estradas federais com longos trechos de descida está em tramitação na Câmara dos Deputados. O objetivo é evitar acidentes causados pela perda de controle em descidas íngremes. Ainda não há data prevista para a análise final do projeto.

Em suma, a construção de áreas de escape em regiões de serra é fundamental para garantir a segurança dos motoristas e evitar tragédias como o acidente ocorrido com os torcedores corintianos. Essas áreas têm se mostrado eficazes na parada de veículos com problemas de freios, falta de manutenção ou excesso de peso. Espera-se que novas rampas de escape sejam construídas em locais com alto número de acidentes, garantindo a segurança de todos os usuários das rodovias brasileiras.

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