Ministra da Saúde enfatiza em conferência a letalidade da desinformação e sua relação direta com possíveis fatalidades.

“A desinformação pode levar à morte e ao adoecimento”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante a conferência magna sobre ciência, comunicação e o futuro da pesquisa científica da Cátedra Otavio Frias Filho de Estudos em Comunicação, Democracia e Diversidade. O evento, realizado nesta segunda-feira (28), contou com a participação de autoridades como Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, Maria Arminda Arruda, vice-reitora da universidade, e Guilherme Plonski, diretor do IEA.

A conferência, transmitida ao vivo, teve a neurocientista e colunista do jornal Suzana Herculano-Houzel como debatedora. A ministra Trindade abordou os desafios enfrentados pela comunidade científica durante a pandemia de Covid-19, destacando o papel da desinformação na promoção de desconfianças e na queda da cobertura vacinal no Brasil. Ela ressaltou que a desinformação e o negacionismo são apenas parte da explicação para essa queda, que levou o país a atingir o menor patamar de cobertura vacinal em 20 anos, com apenas 59% da população vacinada.

A desinformação e o negacionismo foram, segundo Trindade, responsáveis por campanhas sistemáticas de negação em relação às vacinas contra a Covid-19 e o HPV. No entanto, a ministra também destacou que o sucesso das políticas de vacinação pode levar as pessoas a mudarem sua percepção de risco, deixando de tomar as doses de reforço necessárias.

Trindade alertou para o fato de que a Covid-19 ainda está causando mortes no Brasil e que existe uma nova variante da doença no mundo. Diante disso, o Ministério da Saúde lançou em agosto uma campanha de multivacinação para crianças e adolescentes.

Além dos desafios atuais, a ministra ressaltou que as futuras pandemias estarão cada vez mais relacionadas às questões climáticas. Ela destacou a importância de entender as dinâmicas de intersecção de patógenos, meio ambiente, meios de subsistência e modelos de desenvolvimento.

Trindade também mencionou a importância dos meios de comunicação e informação na disseminação de informações corretas. Ela alertou para os impactos da desinformação na saúde, destacando que planos estratégicos de comunicação estão sendo elaborados pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Nísia Trindade é a primeira mulher a chefiar o Ministério da Saúde no Brasil e também foi a primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Durante a pandemia, sua atuação à frente da instituição foi reconhecida, principalmente pelo acordo feito com o governo federal e a AstraZeneca para a produção da vacina contra a Covid-19 em parceria com a Fiocruz.

A cátedra Otavio Frias Filho de Estudos em Comunicação, Democracia e Diversidade foi lançada em fevereiro de 2021 em comemoração aos cem anos da Folha. A iniciativa homenageia o jornalista Otavio Frias Filho, que liderou a modernização do jornal a partir de 1984 até sua morte.

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