O ex-presidente Lula assina MP que impõe taxas aos fundos de altos rendimentos como medida de combate à desigualdade econômica.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira (28) uma medida provisória (MP) que determina a cobrança de uma taxa de 15% a 20% sobre os rendimentos de fundos exclusivos, ou seja, aqueles em que há apenas um cotista. De acordo com o governo federal, estima-se que existam cerca de 2,5 mil brasileiros com recursos aplicados nesses fundos, que totalizam R$ 756,8 bilhões e correspondem a 12,3% de todos os fundos do país.

Apesar de não haver um valor mínimo de investimento, acredita-se que os investidores desses fundos possuam um patrimônio mínimo de R$ 10 milhões, uma vez que os custos de manutenção podem chegar a R$ 150 mil por ano. Por essa razão, esses fundos são conhecidos como “fundos dos super ricos”. A medida provisória tem validade imediata, porém precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias para se tornar lei.

O anúncio da MP ocorreu durante um evento no Palácio do Planalto, em que o presidente Lula também sancionou a lei que reajusta o salário mínimo e amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Durante o evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a taxação de fundos e investimentos no exterior. Ele afirmou que não se trata de um ato de “revanche” contra os mais ricos, mas sim de buscar justiça social e um sistema tributário mais equilibrado. Haddad ressaltou que essa medida está em linha com as legislações de países mais desenvolvidos da Europa, América do Norte e América do Sul.

Segundo a MP, a cobrança será realizada duas vezes ao ano, ao contrário do que acontece atualmente, em que a tributação é feita apenas no momento do resgate. Aqueles que optarem por iniciar a arrecadação em 2023 serão tributados com uma alíquota de 10%. A previsão do governo é arrecadar R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026 com essa medida.

Além da MP dos fundos exclusivos, o governo anunciou o envio de um projeto de lei para tributar os rendimentos no exterior, mantidos através de trust e offshore. Essas taxações tinham sido incluídas inicialmente na MP do reajuste do salário mínimo, mas foram retiradas após votação no Congresso. O governo argumentou que a tributação serviria para compensar a renúncia fiscal com a correção da tabela do Imposto de Renda. Estima-se que o projeto de lei gere uma arrecadação anual de R$ 10 bilhões a partir de 2024.

A medida provisória e o projeto de lei serão publicados em edição extra do Diário Oficial da União, conforme informação do Palácio do Planalto.

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