A literatura negra incomoda e faz pensar, afirma escritora Conceição Evaristo no Café Literário da 40ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro

A escritora Conceição Evaristo, uma das mais renomadas do Brasil atualmente, afirmou durante o Café Literário da 40ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que a literatura negra tem o poder de incomodar e fazer refletir. Segundo ela, essa literatura vai além do prazer da leitura e assume uma postura de denúncia e questionamento dos poderes estabelecidos.

Conceição destacou a importância de se enfrentar a prepotência da “casa grande”, uma referência à elite branca e opressora que ainda perpetua a colonização e mantém as mulheres negras em uma posição de subalternidade. Para a escritora, o Brasil é um país extremamente racista, e essa realidade não pode ser ignorada.

Com sete livros publicados, incluindo o premiado “Olhos D’água”, que conquistou o Prêmio Jabuti em 2015, Conceição Evaristo é considerada uma das principais vozes do movimento pós-modernista no Brasil. Em suas obras, especialmente o romance “Ponciá Vicêncio”, lançado em 2003, ela aborda questões como discriminação racial, de gênero e de classe.

A 40ª edição da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que acontece no Rio Centro, na zona oeste da cidade, tem dedicado espaço de destaque para a produção literária de escritoras negras contemporâneas. O evento espera receber mais de 100 mil estudantes da rede pública, que são beneficiados com vouchers para aquisição de livros. Além disso, a Secretaria Municipal de Educação do Rio anunciou a liberação de um incentivo de R$ 13,5 milhões para a compra de livros por parte dos profissionais das escolas do município.

O programa Visitação Escolar, realizado durante a Bienal, tem como objetivo aproximar as crianças e jovens do universo literário, estimulando a criatividade, a capacidade de sonhar e a consciência crítica. Nesta edição, foram disponibilizadas mais de 100 mil vagas para a rede pública de ensino, sendo metade delas reservadas para alunos da rede municipal e para estudantes de escolas públicas municipais de outras cidades, como Petrópolis, Niterói, Queimados e Angra dos Reis.

A iniciativa visa proporcionar uma experiência literária enriquecedora exclusivamente para os estudantes e seus acompanhantes das unidades de ensino participantes. A expectativa é que essa edição da Bienal seja um grande sucesso, com o recorde de subsídio para a compra de livros e a presença de importantes editoras.

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