Durante seu depoimento, a policial afirmou que não percebeu comportamento de leniência por parte de outros policiais durante os confrontos com os manifestantes. O presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia, destacou a atuação corajosa da cabo Marcela Pinno, fazendo referência à heroína baiana Maria Quitéria, e ressaltou a vergonha causada por outros militares que não agiram de forma adequada.
Marcela Pinno, que faz parte da Polícia Militar desde 2019, ressaltou que a violência dos protestos do dia 8 de janeiro foi superior a outras manifestações que já presenciou. Ela relatou as ações de policiamento desde a chegada à Esplanada dos Ministérios e destacou os confrontos mais violentos que ocorreram na cúpula do Congresso, onde a policial foi empurrada de uma altura de três metros e agredida com barras de ferro.
A cabo Marcela Pinno permaneceu na Esplanada dos Ministérios até a madrugada seguinte, mesmo ferida. Ela também revelou que membros da Força Nacional atuaram em conjunto com a PM para conter os ataques à Praça dos Três Poderes, mas que essa atuação ocorreu após os momentos mais violentos.
O depoimento da cabo Marcela Pinno recebeu elogios de deputados e senadores de diferentes espectros políticos. O deputado Duarte Jr. expressou gratidão à policial, ressaltando suas qualidades de coragem e eficiência. Por outro lado, parlamentares de oposição, como Filipe Barros, criticaram a culpabilização exclusiva da PM do Distrito Federal e questionaram a atuação da Força Nacional.
Importante ressaltar que a ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF, Marilia Alencar, não pôde prestar depoimento devido a uma liminar concedida pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia, considerou essa decisão como uma falta de equilíbrio entre os poderes e o colegiado entrou com recurso contra a liminar.
Relembrando os fatos, uma semana após a posse do presidente Lula, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Centenas de pessoas foram presas. O presidente da Câmara, Arthur Lira, repudiou o vandalismo, e os presidentes dos três Poderes emitiram uma nota em defesa da democracia brasileira. O Congresso criou a CPMI para investigar os atos ocorridos no dia 8 de janeiro, composta por 16 senadores e 16 deputados.