Diretor da Binance no Brasil admite uso indevido da plataforma por pessoas mal-intencionadas e interesse na aquisição de corretora de investimentos brasileira

Na quinta-feira, dia 14 de setembro de 2023, o diretor-geral da Binance no Brasil, Guilherme Haddad Nazar, compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre as atividades da empresa no país. Nazar afirmou que a plataforma de compra e venda de moedas virtuais da Binance tem sido utilizada indevidamente por pessoas mal-intencionadas e mostrou-se favorável à regulação das operações com criptoativos no Brasil.

Durante seu depoimento, Nazar explicou que a Binance conta com uma equipe de mais de 750 pessoas responsável por desenvolver políticas de prevenção à lavagem de dinheiro e outros crimes. Segundo ele, a empresa possui um processo individualizado de identificação de clientes, estabelecimento de limites e restrições para saques e depósitos.

Nazar, que é sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também foi questionado sobre a relação da Binance com empresas investigadas pela CPI por esquemas de pirâmide financeira, como a GAS Consultoria e a Rental Coins. Ele respondeu que a Binance vem sendo vítima desses esquemas e que, em colaboração com as autoridades, trabalha para aprimorar seus processos de controle.

Os deputados Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e Ricardo Silva (PSD-SP), respectivamente presidente e relator da CPI, ressaltaram que depoimentos de outros investigados mostram que a Binance não conseguiu evitar fraudes envolvendo pirâmides financeiras. Silva ainda mencionou uma análise da empresa AML Reputacional, que teria identificado operações relacionadas à lavagem de dinheiro realizadas por 95% dos 700 maiores usuários da Binance no Brasil. A CPI enviará um ofício solicitando à empresa a lista desses clientes.

Além das questões relacionadas à atuação da Binance, a CPI também ouviu representantes das empresas Booking e Hotel Urbano (Hurb). Ambas negaram qualquer envolvimento com esquemas de pirâmide financeira e atribuíram problemas de gestão a atrasos em pagamentos a seus parceiros. Nelson Benavides Junior, representante da Booking, afirmou que a empresa não trabalha com vouchers, programas de milhagem ou transações com criptomoedas. Já João Mendes, presidente da Hurb, reconheceu os problemas financeiros enfrentados pela empresa, mas ressaltou que não se trata de um esquema de pirâmide financeira e que a empresa tem capacidade de se recuperar.

No geral, a audiência na CPI das Pirâmides Financeiras ofereceu uma visão mais clara das preocupações e desafios enfrentados pela Binance e outras empresas do setor de criptoativos no Brasil. A necessidade de regulamentação e o combate a práticas fraudulentas foram temas recorrentes durante o depoimento de Guilherme Haddad Nazar e dos representantes das demais empresas. Resta agora acompanhar as próximas etapas da CPI e as ações que serão tomadas pelo governo e pelo Banco Central em relação a essas questões.

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