A atitude de Teimoso se tornou um símbolo na luta pelo Tietê, incentivando a sociedade a se envolver nesse esforço. Em 1992, durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, um abaixo-assinado com mais de 1,2 milhão de assinaturas foi entregue ao então governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho, exigindo a despoluição do rio. Isso resultou no início do Projeto Tietê pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e na criação do programa Observando o Tietê pela ONG SOS Mata Atlântica. Esse programa, que atualmente se expandiu para mais de 17 estados e se transformou no Observando os Rios, realiza o monitoramento da qualidade da água com a ajuda de voluntários.
No entanto, os resultados deste ano indicam que a mancha de poluição do Tietê continua crescendo. O monitoramento feito pelos voluntários mostrou que a água de qualidade imprópria para usos múltiplos se estende agora por 160 quilômetros, representando um aumento de 31% em relação a 2022 e quase o dobro em comparação a 2021. Esses dados são preocupantes e servem como um alerta para a necessidade de ações mais efetivas na melhoria da qualidade da água do rio.
Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios da SOS Mata Atlântica, ressaltou a importância de uma abordagem conjunta para resolver esse problema. Segundo ele, o saneamento básico é uma peça importante, mas não é a única solução. A questão também envolve municípios, empresas, agricultores, comerciantes e cidadãos, que devem se unir para alcançar uma melhoria real no rio.
Andrea Ferreira, responsável pelo Projeto Tietê da Sabesp, apontou diversos fatores que contribuem para o aumento da mancha de poluição, como regime de chuvas, poluição difusa e ocupações irregulares. Ela destacou que a despoluição do Tietê é um desafio enorme e a ampliação do tratamento de esgoto é fundamental para enfrentar esse problema.
Apesar do aumento da mancha de poluição, o relatório do Observando os Rios mostrou que a proporção de água boa de qualidade também aumentou. Porém, ainda não foi observada água de qualidade ótima. A SOS Mata Atlântica ressalta que a despoluição do Tietê é essencial para garantir a segurança hídrica e o uso múltiplo da água no estado de São Paulo.
A luta pela despoluição do Rio Tietê não é apenas uma causa da SOS Mata Atlântica, mas uma causa de toda a sociedade brasileira. A diretora de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, enfatiza que é preciso colocar a agenda da água e da floresta como prioridades nas eleições municipais do próximo ano.
A despoluição do Rio Tietê é um projeto ambicioso, mas necessário. Se conseguirmos recuperar esse rio histórico e importante para o desenvolvimento do país, será um exemplo para outras regiões do Brasil, mostrando que é possível conviver com rios limpos e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.