COP28 da ONU enfrenta impasse entre países na luta pela eliminação gradual dos combustíveis fósseis

Faltando apenas dois meses para a tão aguardada cúpula COP28 da Organização das Nações Unidas (ONU), os países ainda estão bem longe de chegar a um consenso em relação à redução dos combustíveis fósseis. Enquanto alguns defendem um acordo para eliminar gradualmente esses combustíveis que são os principais responsáveis pelo aquecimento global, outras nações insistem em preservar um papel para o carvão, o petróleo e o gás natural.

A conferência COP28, que ocorrerá em Dubai entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro, é vista como uma oportunidade crucial para os governos acelerarem ações no combate ao aquecimento global. Porém, até o momento, os países continuam profundamente divididos em relação ao futuro dos combustíveis fósseis, cuja queima é a principal causa das mudanças climáticas.

Durante uma cúpula climática de um dia realizada paralelamente à Assembleia Geral da ONU, o secretário-geral António Guterres lamentou a “ganância nua e crua” dos interesses dos combustíveis fósseis e afirmou que “a humanidade abriu as portas do inferno” ao aquecer o planeta. Enquanto isso, outros países produtores e dependentes de combustíveis fósseis ressaltaram a importância do uso de tecnologias para capturar as emissões, ao invés de eliminar completamente o uso desses combustíveis.

O novo presidente da COP28 dos Emirados Árabes Unidos, Sultan Al Jaber, afirmou que a redução gradual dos combustíveis fósseis é inevitável e defendeu a descarbonização rápida e abrangente das energias utilizadas atualmente. Já a China, maior consumidor de combustíveis fósseis do mundo, sinalizou sua intenção de continuar a utilizá-los por décadas.

Os Estados Unidos, por sua vez, apoiam a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, mas reconhecem os planos de alguns países em desenvolvimento de investir neles a curto prazo. John Kerry, enviado climático dos Estados Unidos, questionou se as tecnologias de captura de emissões podem ser expandidas com rapidez suficiente.

Um pacto na COP28 para reduzir o uso de combustíveis fósseis não significaria um abandono imediato do petróleo e do gás, mas a União Europeia e outros defensores afirmam que ele é vital para direcionar políticas e investimentos nacionais em energia limpa.

Diante das divisões existentes sobre o futuro dos combustíveis fósseis, os negociadores estão buscando novas terminologias em busca de um compromisso. O Grupo dos Sete países mais industrializados concordou em acelerar a “eliminação progressiva dos combustíveis fósseis unabated”, mas o compromisso fracassou quando o G20 não chegou a um consenso.

A questão da eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis ou apenas das emissões será provavelmente o ponto mais complicado da COP28. Alguns temem que a discussão em torno da tecnologia de captura de emissões seja apenas uma carta branca para continuar a exploração de petróleo, gás e carvão.

Enquanto isso, a Aliança de Pequenos Estados Insulares pressiona pela eliminação gradual dos combustíveis fósseis e o fim dos gastos governamentais anuais de US$ 7 trilhões em subsídios a esses combustíveis.

Com a cúpula COP28 se aproximando, resta saber se os países conseguirão superar suas discordâncias e chegar a um acordo que possa acelerar as ações de combate ao aquecimento global. A necessidade de reduzir os combustíveis fósseis é clara, mas ainda há muito trabalho a ser feito para conciliar os interesses divergentes e garantir um futuro mais sustentável para o planeta.

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