Empresário “Pai da Soja” não responde a questionamentos na CPMI sobre atos golpistas de janeiro

O empresário Argino Bedin, conhecido em Mato Grosso como Pai da Soja, compareceu à Comissão Parlamentar de Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, porém, não respondeu aos questionamentos dos parlamentares. Bedin estava sob a proteção de um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, garantindo o seu direito de não se incriminar.

O empresário do agronegócio foi convocado para prestar esclarecimentos por estar na lista de suspeitos de financiarem os atos golpistas que ocorreram após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Durante esses protestos, manifestantes bloquearam rodovias e acamparam em frente a quartéis em todo o país, pedindo um golpe militar no Brasil.

De acordo com o requerimento do deputado Carlos Vera (PT/PE) aprovado na CPMI, Argino Bedin é um latifundiário e sócio de pelo menos nove empresas, tendo suas contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

A relatora da Comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ressaltou durante a sessão que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia enviado alertas à CPMI informando que, logo após as eleições, 272 caminhões foram enviados para Brasília, sendo que 72 deles partiram da cidade de Sorriso (MT), onde estão localizadas as fazendas do empresário. Dessas 16 eram de propriedade de Bedin ou de membros de sua família.

Eliziane também mencionou diversos atos violentos ocorridos em Sorriso e nas proximidades das fazendas de Bedin, todas localizadas na BR-163. Entre esses atos, destacam-se a tentativa de explosão da BR-174 em Comodoro, em Mato Grosso, no dia 19 de novembro, e o ataque à base de uma concessionária e incêndio criminoso em Lucas do Rio Verde, cidade vizinha de Sorriso, no mesmo mês.

A senadora ainda apontou que a Associação dos Produtores de Soja e milho de Mato Grosso do Sul (Aprasoja) está entre os grupos ligados ao Movimento Brasil Verde e Amarelo, responsável por convocar manifestações contrárias às eleições no país. Eliziane questionou o financiamento dessas manifestações e sugeriu que Bedin poderia ser responsabilizado por subsidiá-las.

Na contrapartida, alguns representantes da oposição saíram em defesa do empresário. O deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) afirmou que Bedin deveria ser celebrado por ter construído um império do agronegócio e que ele não deveria ser responsabilizado pelos atos de vandalismo ocorridos durante as manifestações. Já o deputado Filipe Barros (PL-SC) prestou solidariedade ao empresário e argumentou que os atos em questão foram resultado do Movimento Brasil Verde e Amarelo, e não de Bedin.

O depoimento do empresário Argino Bedin à CPMI foi marcado pela sua recusa em responder às perguntas dos parlamentares, sustentado pelo habeas corpus concedido pelo ministro Dias Toffoli. As investigações continuarão para esclarecer as suspeitas de financiamento dos atos golpistas e avaliar a possível responsabilidade de Bedin nesses eventos.

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