Ailton Krenak se torna o primeiro indígena imortal da Academia Brasileira de Letras, parabenizado pelo Ministério dos Povos Indígenas e pela Funai

Na noite de quinta-feira (5), o Ministério dos Povos Indígenas e a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, parabenizaram o escritor e ativista ambiental indígena Ailton Krenak por sua eleição como imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Segundo nota divulgada pelo ministério em uma rede social, essa é a primeira vez que uma pessoa indígena ocupa uma cadeira na instituição.

Joenia Wapichana destacou a importância de Krenak na defesa dos direitos indígenas durante a elaboração da Constituição de 1988, que está completando 35 anos. Ela parabenizou o líder indígena por ser o primeiro a ingressar na Academia Brasileira e ressaltou sua atuação como defensor dos direitos indígenas na Constituição. Wapichana também mencionou a mensagem de resistência dos povos indígenas transmitida por meio da pintura em seu rosto.

Com 23 votos, Ailton Krenak foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ele ocupará a cadeira de número 5, que pertencia a José Murilo de Carvalho, falecido em agosto deste ano. Krenak disputou a vaga com Mary del Priore, historiadora, e Daniel Munduruku, também escritor indígena, que receberam 12 e quatro votos, respectivamente.

A data da posse ainda não foi definida.

Ailton Krenak nasceu em 1953, na região do vale do rio Doce (MG), território do povo Krenak, que sofre com a atividade de extração de minérios. Ele é ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas, além de receber as honrarias de comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República e doutor honoris causa pelas Universidades Federal de Minas Gerais e Federal de Juiz de Fora.

Krenak foi responsável pela organização da Aliança dos Povos da Floresta, que reúne indígenas e comunidades ribeirinhas na Amazônia, e também contribuiu para a criação da União das Nações Indígenas (UNI). Ele é coautor da proposta da Unesco que criou a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, em 2005, e faz parte do comitê gestor dessa reserva.

Ao longo das décadas de 1970 e 1980, Ailton Krenak teve um papel fundamental na conquista do “Capítulo dos índios” na Constituição de 1988, que assegurou os direitos indígenas à cultura e à terra. Entre seus livros mais recentes estão “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “A vida não é útil” (2020), “Futuro ancestral” (2022) e “Lugares de Origem” (2021), escrito em parceria com Yussef Campos.

Em “A vida não é útil”, Krenak aborda a pandemia da covid-19 e destaca a importância de valorizar a cultura indígena e aprender com ela. Ele enfatiza a necessidade de viver o presente e parar de adiar atividades para o futuro. Segundo o autor, não sabemos se estaremos vivos amanhã e devemos parar de vender o amanhã.

Com sua eleição para a Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak reforça a importância da representatividade indígena na literatura e nos espaços de poder, contribuindo para ampliar a visibilidade e o reconhecimento das culturas indígenas no país.

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