Marina Silva também chamou a atenção para os efeitos do fenômeno natural El Niño e do aquecimento das águas do Oceano Atlântico, que têm contribuído para eventos climáticos extremos. Entre esses efeitos, a ministra destacou as fortes chuvas no Rio Grande do Sul e a seca nos rios do Amazonas, que resultaram na morte de toneladas de peixes e de mais de 100 botos e tucuxis, devido à temperatura das águas atingindo 39º graus.
Apesar desses desafios, a ministra acredita que o Brasil pode se tornar um grande exportador de sustentabilidade. Ela apontou a existência de planos como o de Transformação Ecológica, o de Agricultura de Baixo Carbono e o de Prevenção e Controle do Desmatamento para todos os biomas brasileiros, ressaltando que, embora não seja uma tarefa fácil, certamente não é impossível. Para isso, ela defende que seja criado um acordo semelhante ao Acordo de Basileia, que regulamentou o sistema financeiro mundial, com o objetivo de preservar a natureza. Segundo ela, é necessário que as atividades humanas estejam em consonância com a capacidade de suporte da natureza.
No final de sua participação no evento, a ministra Marina Silva questionou a forma como ela e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foram tratadas em sua visita a Manaus, para analisar a situação de alerta dos municípios do Amazonas devido à seca. Marina foi criticada por políticos locais pela demora na concessão da licença ambiental para pavimentação da rodovia federal BR-319, que liga o Amazonas a Porto Velho. Em resposta, a ministra afirmou que a concessão é um processo técnico, e que estudos estão sendo realizados para avaliar a viabilidade das obras na BR-319, de forma que não haja impactos negativos na sustentabilidade local.
Marina também fez uma reflexão sobre as críticas dirigidas a ela e à ministra Sonia Guajajara, afirmando que, muitas vezes, a consciência dos indivíduos projeta em outra pessoa aquilo que não queremos assumir como responsabilidade. Ela ressaltou a importância dos povos indígenas na proteção das florestas, lembrando que eles são responsáveis pela preservação de 80% das florestas existentes no planeta.
Em síntese, a ministra Marina Silva destacou os avanços na redução do desmatamento na Amazônia e apontou desafios a serem enfrentados na preservação ambiental. Além disso, defendeu a necessidade de um acordo global para a proteção da natureza e respondeu às críticas relacionadas à licença ambiental para a BR-319. Por fim, enfatizou o papel fundamental dos povos indígenas na conservação das florestas.