Os resultados preliminares do estudo revelaram que a violência afetou a saúde mental de 64,7% dos ACS e a saúde física de 41,1%. Em relação à covid-19, 77,6% dos ACS trabalharam na linha de frente contra a doença, mas 83,8% não receberam treinamento específico. Surpreendentemente, 80,7% dos agentes afirmaram que a violência não influenciou em sua atuação durante a pandemia.
Os dados alarmantes indicam que cerca de 40% dos ACS estão em risco de transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão. Além disso, entre 15% e 20% dos agentes fazem uso de medicamentos para controle desses transtornos. A pesquisa também constatou uma diminuição nas atividades realizadas pelos ACS nas comunidades, devido ao adoecimento e ao medo da violência.
Em Fortaleza, onde o levantamento foi iniciado em 2019 para avaliar o impacto da violência e, em 2021, da covid-19, os dados revelaram que nas comunidades mais vulneráveis, a doença afetou de forma mais intensa a atuação dos ACS, que reduziram as atividades nesses locais devido ao medo da violência. Antes da pandemia, 32% dos ACS da capital cearense apresentavam risco de transtornos mentais comuns. Em 2021, esse percentual saltou para 50%.
De acordo com a pesquisa, as seis capitais nordestinas estão entre as 30 cidades mais violentas do mundo, o que afeta significativamente os agentes comunitários de saúde que estão na linha de frente, interagindo diretamente com a comunidade e enfrentando a violência diariamente.
No Rio de Janeiro, a prefeitura destacou o papel dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias em benefício da saúde da população. Atualmente, a cidade conta com 7.692 agentes comunitários e 2.810 agentes de endemias, e a Secretaria Municipal de Saúde pretende ampliar a rede de agentes no próximo ano.
Os agentes comunitários de saúde desempenham um papel essencial no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o principal elo entre as comunidades e as unidades de saúde. Eles realizam procedimentos de promoção de saúde e prevenção de doenças, contribuindo para aumentar a expectativa de vida da população. Além disso, muitos agentes criam vínculos e relações de afeto com as comunidades, o que fortalece o trabalho realizado.
Em resumo, os resultados do estudo realizado pela Fiocruz Ceará destacam o impacto da violência e da covid-19 na saúde mental e física dos agentes comunitários de saúde do Nordeste brasileiro. A violência afeta significativamente a atuação dos agentes, que enfrentam riscos diariamente ao interagir com a comunidade. A pandemia também trouxe desafios adicionais, como a redução das visitas domiciliares e das ações de promoção à saúde. É essencial reconhecer a importância do trabalho dos agentes comunitários de saúde e garantir o seu apoio e proteção para que possam continuar desempenhando seu papel fundamental na melhoria da saúde da população.