Cedae anuncia Programa de Demissão Voluntária, mas é criticada pelo sindicato e enfrenta ação judicial.

A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), estatal vinculada ao governo do estado do Rio de Janeiro, anunciou que irá abrir um Programa de Demissão Voluntária (PDV), visando reduzir seu quadro de funcionários. No entanto, essa medida tem sido alvo de críticas por parte do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento e Meio Ambiente (Sintsama-RJ), que afirma que irá recorrer à Justiça para contestar essa decisão.

O PDV é um recurso utilizado por empresas com o intuito de reduzir seu número de funcionários, através da oferta de benefícios para aqueles que optarem por se demitir voluntariamente. De acordo com a Cedae, os interessados em participar do PDV têm até o dia 16 de novembro para fazer a solicitação. O valor do prêmio de adesão será calculado com base no salário-base e no tempo de trabalho na empresa, tendo um valor mínimo de R$ 75 mil.

Além disso, os funcionários que aderirem ao programa receberão aviso prévio integral, multa de 40% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e terão direito ao pagamento dos benefícios que lhes cabem pelos próximos seis meses, como vale-alimentação, vale-refeição, bolsa de estudos, auxílio para pessoas com deficiência e auxílio-creche.

A Cedae defende que esse PDV oferece o melhor pacote de incentivos e benefícios financeiros já proposto em sua história. Segundo a empresa, essa medida se faz necessária diante das mudanças ocorridas com a aprovação do novo Marco Legal do Saneamento, em 2020, que resultou na transferência de serviços antes sob responsabilidade da Cedae para a iniciativa privada.

Após diferentes leilões, a empresa privada Águas do Rio assumiu a gestão dos serviços em 27 cidades fluminenses, incluindo parte da capital. Outra parte do Rio de Janeiro e mais dois municípios ficaram sob responsabilidade do consórcio Iguá, enquanto o grupo Águas do Brasil assumiu a gestão de uma terceira fatia da capital e mais 20 cidades. A Cedae ainda é responsável pela Estação de Tratamento do Guandu e pela distribuição de água em 16 municípios fluminenses que não aderiram aos leilões.

No entanto, o Sintsama-RJ critica a abertura do PDV, alegando que a empresa está promovendo uma demissão em massa. Segundo o vice-presidente do sindicato, Humberto Lemos, esse é o quarto PDV realizado nos últimos anos e tem como objetivo substituir os concursados por funcionários indicados politicamente e por terceirizados, que não possuem estabilidade e outros direitos trabalhistas. Lemos afirma que mais de 2 mil trabalhadores já saíram da empresa nos últimos PDVs e que a falta de reposição de trabalhadores com alta capacidade técnica pode levar à descontinuidade de serviços.

Diante disso, o Sintsama-RJ planeja entrar com uma ação na Justiça para barrar o PDV, alegando que a empresa não teve a devida discussão com o sindicato sobre essa medida unilateral. Para o sindicato, o objetivo da Cedae é demitir os concursados e abrir espaço para a contratação de indicados políticos e terceirizados, que poderiam ser manipulados pela empresa.

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