De acordo com o levantamento, os trabalhadores de plataformas digitais representam 1,7% da população ocupada no setor privado. Do total de trabalhadores por meio de aplicativos de serviços, 1,5 milhão utilizavam aplicativos de transporte de passageiros e 628 mil utilizavam plataformas de comércio eletrônico.
O setor que mais reuniu trabalhadores de plataformas digitais foi o de transporte, armazenagem e correio, com 67,3% do total. Esse grupo inclui tanto o serviço de transporte de passageiros quanto os serviços de entrega, que são os aplicativos mais comuns. Em segundo lugar está o setor de alojamento e alimentação, com 16,7%.
A maioria dos trabalhadores de plataformas digitais realiza trabalhos por conta própria (77,1%), enquanto apenas 5,9% possuem carteira assinada. Além disso, os homens representam 81,3% dos trabalhadores de plataformas digitais, e quase metade (48,4%) está na faixa etária de 25 a 39 anos.
Em relação aos rendimentos, os trabalhadores de plataformas digitais têm um rendimento médio de R$ 2.645, o que representa um aumento de 5,4% em relação ao rendimento médio total de ocupados. Além disso, eles trabalham em média 46 horas por semana, enquanto a média total de ocupados é de 39,6 horas.
O levantamento também destacou que a informalidade é maior entre os trabalhadores de plataformas digitais, com 70,1% atuando nessa condição, em comparação com os 44,2% do total de ocupados no setor privado. Além disso, apenas 35,7% dos trabalhadores de plataformas digitais contribuem para a previdência.
Segundo o IBGE, as plataformas digitais têm causado importantes transformações no mercado de trabalho brasileiro, afetando tanto trabalhadores quanto negócios e preços de setores tradicionais da economia. Esses dados fornecem uma base para quantificar e compreender o fenômeno da “plataformização” do trabalho no país, que tem se tornado cada vez mais presente.
Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e procurador do Ministério Público do Trabalho, Rodrigo Carelli, a pesquisa do IBGE traz um importante panorama do mercado de trabalho atual. Ele afirma que as plataformas têm como objetivo reduzir a remuneração dos trabalhadores, e os dados estatísticos agora comprovam isso. Carelli destaca que é fundamental comparar os rendimentos de trabalhadores na mesma função dentro e fora das plataformas para analisar as diferenças salariais.
Em resumo, a pesquisa do IBGE mostra que o trabalho por meio de plataformas digitais está se tornando cada vez mais presente no mercado de trabalho brasileiro, com impactos significativos nos rendimentos, na informalidade e nas relações de trabalho. Esses dados fornecem uma nova perspectiva sobre o fenômeno da “plataformização” do trabalho, que tem sido amplamente discutido nos últimos anos.