Trabalhadores do setor privado realizam atividades por meio de plataformas digitais: estudo do IBGE

A população ocupada no setor privado do Brasil no quarto trimestre de 2022 foi estimada em 87,2 milhões de pessoas. Dentre esse total, 2,1 milhões realizavam trabalhos por meio de plataformas digitais, como aplicativos de serviços e comércio eletrônico. Esses dados fazem parte do módulo Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (25).

De acordo com o levantamento, os trabalhadores de plataformas digitais representam 1,7% da população ocupada no setor privado. Do total de trabalhadores por meio de aplicativos de serviços, 1,5 milhão utilizavam aplicativos de transporte de passageiros e 628 mil utilizavam plataformas de comércio eletrônico.

O setor que mais reuniu trabalhadores de plataformas digitais foi o de transporte, armazenagem e correio, com 67,3% do total. Esse grupo inclui tanto o serviço de transporte de passageiros quanto os serviços de entrega, que são os aplicativos mais comuns. Em segundo lugar está o setor de alojamento e alimentação, com 16,7%.

A maioria dos trabalhadores de plataformas digitais realiza trabalhos por conta própria (77,1%), enquanto apenas 5,9% possuem carteira assinada. Além disso, os homens representam 81,3% dos trabalhadores de plataformas digitais, e quase metade (48,4%) está na faixa etária de 25 a 39 anos.

Em relação aos rendimentos, os trabalhadores de plataformas digitais têm um rendimento médio de R$ 2.645, o que representa um aumento de 5,4% em relação ao rendimento médio total de ocupados. Além disso, eles trabalham em média 46 horas por semana, enquanto a média total de ocupados é de 39,6 horas.

O levantamento também destacou que a informalidade é maior entre os trabalhadores de plataformas digitais, com 70,1% atuando nessa condição, em comparação com os 44,2% do total de ocupados no setor privado. Além disso, apenas 35,7% dos trabalhadores de plataformas digitais contribuem para a previdência.

Segundo o IBGE, as plataformas digitais têm causado importantes transformações no mercado de trabalho brasileiro, afetando tanto trabalhadores quanto negócios e preços de setores tradicionais da economia. Esses dados fornecem uma base para quantificar e compreender o fenômeno da “plataformização” do trabalho no país, que tem se tornado cada vez mais presente.

Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e procurador do Ministério Público do Trabalho, Rodrigo Carelli, a pesquisa do IBGE traz um importante panorama do mercado de trabalho atual. Ele afirma que as plataformas têm como objetivo reduzir a remuneração dos trabalhadores, e os dados estatísticos agora comprovam isso. Carelli destaca que é fundamental comparar os rendimentos de trabalhadores na mesma função dentro e fora das plataformas para analisar as diferenças salariais.

Em resumo, a pesquisa do IBGE mostra que o trabalho por meio de plataformas digitais está se tornando cada vez mais presente no mercado de trabalho brasileiro, com impactos significativos nos rendimentos, na informalidade e nas relações de trabalho. Esses dados fornecem uma nova perspectiva sobre o fenômeno da “plataformização” do trabalho, que tem sido amplamente discutido nos últimos anos.

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