Especialistas sugerem mais educação e orientação para evitar casos acidentais de doping no esporte

Em vez de punições severas, especialistas e senadores sugerem a adoção de medidas educativas e de orientação aos atletas como forma de prevenção ao uso de substâncias ilícitas no esporte. Esse foi o tema discutido durante audiência pública realizada na Comissão de Esporte (CEsp) na última quarta-feira (25).

O presidente do colegiado e autor do requerimento para a audiência, senador Romário (PL-RJ), condenou o doping intencional, mas ressaltou que muitos casos ocorrem por desconhecimento dos atletas. A falta de informação sobre substâncias proibidas presentes em medicamentos de uso comum e a contaminação de suplementos produzidos em farmácias de manipulação são alguns dos motivos mais comuns do doping no país.

“Precisamos proteger os atletas do bem, os esportistas de boa-fé das pequenas armadilhas que se escondem no dia a dia de uma alimentação ou suplementação não controlada. Ou até mesmo de uma medicação com componentes ocultos ou desconhecidos”, apontou o senador Romário.

Outro senador que participou da audiência, Carlos Portinho (PL-RJ), informou que pode apresentar um projeto de lei para exigir que suplementos e medicamentos produzidos em farmácias de manipulação contenham uma tarja com a informação sobre substâncias que podem resultar em teste antidoping positivo.

Portinho também ressaltou a importância de não aplicar punições excessivamente rigorosas, que podem ter um impacto negativo na vida e carreira dos atletas. Ele citou casos de afastamentos e banimentos de atletas dependentes químicos de drogas recreativas e sugeriu o fortalecimento da educação e informação como alternativas mais eficazes.

Cristiane Vera de Araújo, representante da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) no Ministério do Esporte, enfatizou que a educação é a melhor forma de prevenir casos acidentais de doping. A ABCD tem desenvolvido parcerias com instituições de ensino para promover o debate sobre o tema. Uma das parcerias mais recentes foi firmada com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde disciplinas como farmacologia e fisiologia abordam a educação antidoping, explicando os danos e riscos do uso de substâncias.

Thomaz Paiva, advogado de atletas, reforçou que a maioria dos casos de doping no Brasil ocorre por desconhecimento ou contaminação. Segundo ele, cerca de 60% dos casos são involuntários. Paiva argumentou que é necessário combater a fraude e focar nos casos de doping intencional, já que a indústria do doping é muito mais poderosa que a indústria antidoping.

Além dos senadores Romário e Carlos Portinho, estiveram presentes na audiência o advogado Marcelo Franklin, o presidente-executivo da Academia Nacional de Direito Desportivo, Terence Zveiter, e a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, Raquel Lima.

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