Benjamin Netanyahu nega cessar-fogo na Faixa de Gaza e cita a Bíblia para justificar guerra

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou veementemente qualquer possibilidade de interromper os bombardeios na Faixa de Gaza. Em um pronunciamento nesta segunda-feira (30), Netanyahu afirmou que pedir por um cessar fogo seria render-se ao Hamas e ao terrorismo. Para embasar sua posição, o primeiro-ministro citou a Torá, livro sagrado do judaísmo, que fala sobre a existência de tempos de paz e tempos de guerra, e que atualmente seria o tempo da guerra.

A declaração de Netanyahu veio após a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovar, na última sexta-feira (27), uma resolução pela cessação imediata das hostilidades. No entanto, o líder israelense mostrou-se inflexível, enfatizando que não cederá às exigências do Hamas.

Antes de fazer o pronunciamento oficial, Netanyahu expressou sua solidariedade a três mulheres sequestradas pelo Hamas. Em um vídeo divulgado pelo grupo terrorista, uma das reféns criticou a inação do governo israelense em relação ao seu sequestro. O Hamas propôs a troca dos cerca de 200 reféns pelo que eles chamam de “presos políticos”. De acordo com um relatório da ONU, há mais de 5 mil palestinos em prisões israelenses, incluindo 160 crianças, muitos dos quais detidos sem acusação ou julgamento.

Netanyahu exigiu a libertação imediata de todos os reféns e também reiterou seu pedido para que os civis evacuem o norte da Faixa de Gaza. Segundo ele, o governo está fazendo o possível para evitar vítimas civis, oferecendo apoio humanitário e segurança para aqueles que decidirem se deslocar para regiões consideradas mais seguras, como o sul da Faixa de Gaza.

No entanto, relatos de brasileiros presentes na região contradizem essa afirmação. Hasan Rabee, um dos cidadãos brasileiros que esperam ser resgatados pelo governo brasileiro, relatou que o prédio ao lado do local onde eles estavam abrigados foi bombardeado, obrigando-os a evacuar a área. Rabee também mencionou a escassez de água e a necessidade de enfrentar longas filas para conseguir alimentos básicos.

A situação humanitária em Gaza é cada vez mais preocupante, com mais de 8 mil palestinos mortos desde o início da crise, de acordo com a ONU. Sete em cada dez vítimas são mulheres e crianças, e mais de 1,4 milhão de pessoas estão desabrigadas, representando cerca de 60% da população de Gaza. Além disso, a violência também tem se intensificado na Cisjordânia, território palestino não controlado pelo Hamas, onde 121 pessoas foram mortas por colonos israelenses ou pelas forças armadas de Israel.

Nesse contexto, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou por telefone com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, para discutir tentativas de alcançar um acordo no Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito. O Brasil apresentou uma proposta de resolução, que acabou vetada por Estados Unidos e Rússia. Na conversa, eles também abordaram a emergência humanitária em Gaza e a situação da fronteira entre o Egito e Gaza, que está sendo negociada pelo governo brasileiro para permitir a retirada de seus nacionais da zona de conflito.

Com a guerra se prolongando e o número de vítimas aumentando, a pressão internacional por uma solução pacífica e a proteção dos civis só cresce. Resta saber se as parte envolvidas no conflito terão a disposição política para buscar uma saída negociada e evitar mais sofrimento para a população de Gaza.

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