Ministro das Relações Exteriores do Brasil critica demora do Conselho de Segurança da ONU em aprovar resolução sobre conflito em Gaza

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, representante do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, expressou sua frustração com a demora do colegiado em aprovar uma resolução sobre o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas. Em uma reunião ocorrida na última segunda-feira (30), Vieira criticou a postura de alguns países que, segundo ele, estão usando o Conselho para alcançar objetivos pessoais, em vez de proteger os civis do Oriente Médio.

Vieira ressaltou a falta de consenso entre os membros do conselho, particularmente entre os membros permanentes, que resultou em um impasse preocupante. “Desde o dia 7 de outubro, nos reunimos várias vezes e votamos quatro propostas de resolução. No entanto, continuamos com um impasse, devido a um desentendimento interno, particularmente entre membros permanentes e graças ao persistente uso do conselho para atingir seus próprios propósitos em vez de colocar a proteção de civis acima de tudo”, afirmou o ministro. Ele também destacou a falta de união e resposta efetiva do Conselho em face de uma crise desafiadora.

O Brasil, que presidiu o conselho no mês de outubro, fez várias tentativas para costurar a aprovação de uma resolução, consultando diversos países. No entanto, a proposta brasileira foi vetada pelos Estados Unidos, um dos países-membros. O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes – China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – e os demais membros são rotativos. Para que uma resolução seja aprovada, é necessário o apoio de pelo menos nove dos 15 membros, sem nenhum veto dos membros permanentes. Durante esse processo, propostas apresentadas tanto pelo Brasil quanto pelos Estados Unidos e Rússia foram vetadas.

A incapacidade do Conselho de Segurança em chegar a um consenso e tomar uma decisão efetiva foi objeto de crítica do ministro Mauro Vieira. Ele ressaltou que enquanto o conselho realiza reuniões e ouve discursos, o número de mortes de civis continua aumentando. Vieira enfatizou a responsabilidade do conselho em priorizar a proteção das vidas dos civis e pediu pelo fim das hostilidades e acesso a atendimento médico para as vítimas na Faixa de Gaza. Ele mencionou que, em três semanas de conflito, cerca de 8 mil pessoas, incluindo 3 mil crianças, já foram mortas.

As divergências entre Estados Unidos e Rússia têm contribuído para a falta de uma posição conjunta do Conselho de Segurança. Enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido exigem uma resolução que garanta o direito de Israel de responder aos ataques, a Rússia propõe um cessar-fogo sem mencionar o Hamas. Essas divergências têm resultado em vetos e impedido a aprovação de uma resolução capaz de colocar fim ao conflito.

Em seu discurso, Vieira questionou até quando a retórica prevalecerá sobre a ação e quantas vidas mais serão perdidas até que o Conselho de Segurança possa tomar uma decisão efetiva. Ele afirmou que ainda há tempo para o conselho se posicionar ao lado dos civis e contra as hostilidades na região. No entanto, é urgente que as potências internacionais superem suas diferenças e atuem em prol de uma solução pacífica e duradoura para o conflito entre Israel e o Hamas.

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