Luto coletivo: as dores das guerras e tragédias que afetam a sociedade de forma simbólica e concreta

Nesta quinta-feira, 2 de novembro, enquanto o Brasil celebra o feriado de Finados, muitas pessoas estão lidando com a dor das guerras e de outras tragédias que assolam o mundo. As imagens e notícias que chegam pelas TVs, celulares e conversas em grupo nos fazem conectar com as histórias e sentir as dores e perdas das vítimas, mesmo que não as conheçamos.

De acordo com a psicóloga Samantha Mucci, pesquisadora do tema e coordenadora do Programa de Acolhimento ao Luto (Proalu), o luto coletivo é simbólico, mas também concreto, causando dor até mesmo no corpo. As imagens diárias de guerras nos remetem a experiências de insegurança, sofrimento, ansiedade e instabilidade, afetando-nos coletivamente.

A especialista ressalta a importância de refletirmos sobre o espaço que a morte tem em nossas vidas e como lidamos com o limite que ela impõe. A psicóloga clínica Keyla Cooper destaca que o momento de múltiplas perdas afeta nosso dia a dia de maneira significativa, seja pelas guerras no Oriente Médio, pelas mudanças climáticas ou pela fome visível em várias partes do mundo.

A pandemia de coronavírus, seguida pelas guerras da Ucrânia e do Oriente Médio, abalaram a previsibilidade da vida e trouxeram instabilidade em relação ao futuro. O luto, nesse sentido, não se restringe apenas a perdas de pessoas, mas também abrange perdas significativas de outras naturezas.

É importante que as pessoas encontrem espaços para expressar sua dor e encontrar empatia. Falar abertamente sobre o assunto, seja em grupos de apoio ou em terapia individual, pode proporcionar um alívio emocional e a sensação de acolhimento. Aline Oliveira, psicóloga clínica e educacional, destaca a importância de respeitar o silêncio interno que pode surgir em momentos de luto.

Cynthia Ramos, especialista em psicologia transpessoal, ressalta que cada um de nós deve cuidar de si mesmo e evitar o consumo excessivo de notícias difíceis de lidar. É necessário encontrar um equilíbrio entre se informar e se proteger emocionalmente.

Os sintomas físicos também podem indicar como a pessoa está elaborando o luto. Taquicardia, sudorese, alteração no apetite e no sono são alguns sinais a serem observados. O choro e a expressão dos sentimentos são fundamentais nesse processo, pois permitem que as emoções sejam elaboradas e vivenciadas.

A professora Samantha Mucci destaca que o luto precisa ser vivenciado e ressignificado por aqueles que estão enlutados. É importante dar espaço, tempo e permissão para que os sentimentos sejam reconhecidos e vividos.

Em resumo, lidar com o luto coletivo é um desafio para todos nós. Devemos buscar espaços de acolhimento, expressar nossa dor e encontrar empatia. Além disso, é essencial cuidar de nossa própria saúde mental, evitando o consumo excessivo de notícias ruins. O luto é um processo individual, mas também é algo compartilhado por toda a humanidade.

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