Polícia Federal abre inquérito para investigar resgate de sítio arqueológico em obra do Metrô de São Paulo.

A Polícia Federal está abrindo um inquérito para investigar os trabalhos de resgate no Sítio Arqueológico Saracura, nas obras da futura Estação Saracura/14 Bis da Linha Laranja do Metrô de São Paulo, na região central da capital. A abertura do inquérito ocorre após a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em São Paulo, ter constatado uma ação em desacordo com o previsto para preservação do sítio durante uma vistoria conjunta realizada na última quarta-feira (8).

O sítio arqueológico foi descoberto em abril de 2022 e pode conter vestígios do Quilombo Saracura. O local onde estão sendo realizadas as escavações foi, por 50 anos, ocupado pela escola de samba Vai-Vai, fundada por descendentes do quilombo, e atualmente, está situado no bairro do Bixiga.

As escavações no local ficaram paralisadas entre março e julho por determinação do Iphan, que fez uma série de exigências para a concessionária responsável pelas obras, a Linha Uni. Documentos e laudos sobre as intervenções de segurança no canteiro de obras foram solicitados, e somente em julho foi autorizada a retomada do resgate dos itens do sítio arqueológico.

Milhares de peças já foram retiradas do local e guardadas para preservação, incluindo peças de vestuário, restos de louça e ossos de animais. Em maio deste ano, um procurador e uma perita do Ministério Público Federal estiveram no canteiro de obras para avaliar os trabalhos arqueológicos, investigando a falta de estudos arqueológicos prévios antes do início das obras na futura estação.

A investigação busca apurar também a dispensa de estudos arqueológicos prévios em regiões do Bixiga e da Liberdade, que possuem história ligada à população negra da capital paulista. Estes locais foram os únicos pontos do trajeto da Linha Laranja em que não foram realizados estudos arqueológicos prévios, sendo a solicitação de dispensa feita pela antiga concessionária, a Move São Paulo, em 2020.

A atual concessionária responsável pelas obras, Linha Uni, assegura que as atividades estão sendo realizadas de acordo com as determinações do Iphan e que todas as medidas necessárias para garantir a integridade do patrimônio arqueológico estão sendo tomadas. A empresa também afirma que os trabalhos no sítio arqueológico continuam normalmente em conjunto com a empresa de arqueologia A Lasca. O grupo espanhol Acciona é o maior acionista da Linha Uni, em parceria com o banco de investimentos francês Société Générale e o fundo francês Stoa.

O inquérito aberto pela Polícia Federal visa esclarecer as questões levantadas durante a investigação da Procuradoria da República e a garantir que os procedimentos para a preservação do sítio arqueológico estão sendo seguidos de forma adequada.

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