O ciclo gradual de flexibilização monetária, com a queda dos juros básicos, é favorável para os bancos, pois reduzirá as despesas de captação ao mesmo tempo em que o estoque de crédito permanecerá com uma proporção relevante de concessões recentes a taxas mais altas. Além disso, o novo ciclo tende a aumentar a demanda por crédito e outros serviços bancários, enquanto reduz a pressão sobre a capacidade de pagamento de famílias e empresas.
Em setembro, a taxa média de juros das concessões de crédito teve queda pelo quarto mês seguido, desacelerando em 12 meses. Isso ocorre em um momento em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, também está em declínio. A expectativa é que a Selic caia para 11,75% até o final do ano, o que contribuirá para a redução da taxa de captação dos bancos.
Uma das questões em destaque no relatório do Banco Central é o limite de juros cobrados na modalidade de cartão de crédito rotativo. A legislação recentemente sancionada limita os juros do crédito rotativo, estabelecendo que os juros não poderão ser maiores que o valor original da dívida. Entretanto, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criticou a medida, afirmando que poderia tornar os cartões inviáveis e reduzir a oferta de crédito.
O relatório aponta ainda que o mercado de capitais continuou em expansão no primeiro semestre de 2023, apesar da desaceleração, especialmente nos três primeiros meses do ano. O caso das Lojas Americanas, em recuperação judicial desde janeiro, contribuiu para a desaceleração do crédito bancário. A empresa enfrenta uma crise devido a “inconsistências contábeis” e uma série de débitos com credores.
O Banco Central também ressalta que o Sistema Financeiro Nacional permanece com capitalização e liquidez confortáveis, além de provisões adequadas ao nível de perdas esperadas. Os testes de estresse de capital e liquidez demonstram a robustez do sistema bancário, o qual apresenta resultados positivos diante de diversos cenários simulados.
Em resumo, apesar da queda na rentabilidade dos bancos, o Banco Central expressa otimismo em relação às perspectivas para os próximos meses, com a expectativa de um cenário mais positivo para as instituições financeiras. O relatório apresenta uma análise detalhada dos diferentes aspectos do sistema bancário e destaca a importância de continuar acompanhando de perto o cenário econômico e financeiro.