Estudo analisa qualidade da oferta na Educação Infantil no Brasil: infraestrutura das escolas e recursos pedagógicos apresentam desafios, aponta Saeb 2021.

Os desafios da qualidade da educação infantil no Brasil foram evidenciados pelo estudo Qualidade da oferta da Educação Infantil no Brasil: análise do Saeb 2021, divulgado nesta quinta-feira (16). A pesquisa aponta que a qualidade da infraestrutura das escolas para crianças de 0 a 3 anos e da educação infantil de 4 a 5 anos de idade apresenta muitos desafios em todo o país.

Realizado por Tiago Bartholo e por Mariane Koslinski, pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LaPOpE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o estudo se baseou em informações do Censo Escolar 2022 e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) da Educação Infantil, de 2021. Segundo Bartholo, a educação infantil tem recebido um aumento de recursos nos últimos anos, com maior cobertura para crianças de 0 a 3 anos na creche e crianças de 4 a 5 anos frequentando a educação infantil. No entanto, garantir a vaga é insuficiente quando se trata dos benefícios que a educação infantil traz para o desenvolvimento das crianças. É importante que essa oferta seja de qualidade.

O estudo também concluiu que escolas das regiões Norte e Nordeste apresentam menores índices de equipamentos voltados para o público infantil em comparação com as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Além disso, as escolas públicas possuem menos equipamentos do que as escolas privadas, o que evidencia desigualdades de oportunidades entre as redes de ensino.

No que diz respeito aos recursos pedagógicos, a pesquisa abordou questões como a autonomia das crianças para manusear os livros, a frequência com que as crianças manuseiam os livros, e se os professores leem livros para elas diariamente. De acordo com as informações do Saeb, apenas 15% dos respondentes afirmaram que os professores leem para os alunos todos os dias. Isso indica uma lacuna na qualidade das atividades propostas e das interações entre professores e crianças.

O estudo também destacou a necessidade de aumentar o investimento na primeira infância, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, que apresentam os piores indicadores de infraestrutura. Essa demanda se estende para a necessidade de mais recursos para a educação especial, com desigualdades também evidentes entre as regiões do país.

Em resumo, o estudo evidencia que a educação infantil no Brasil enfrenta desafios em relação à qualidade da infraestrutura, dos recursos pedagógicos, e das desigualdades entre as redes pública e privada. Os pesquisadores ressaltam a importância de um sistema de monitoramento que chame a atenção para essas questões e incentivem as secretarias de Educação a investir mais na educação continuada dos professores da educação infantil. Com isso, é possível elaborar indicadores que auxiliem na implementação das estratégias do Plano Nacional de Educação.

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