Embaixadora do Brasil afirma que decisão sobre Essequibo é assunto interno da Venezuela e mantém diálogo em alto nível

O plebiscito realizado no último domingo causou polêmica ao decidir pela transformação do território de Essequibo, atualmente pertencente à Guiana, em um estado venezuelano. Após a abertura da Cúpula Social do Mercosul, a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixadora Gisela Padovan, afirmou que o assunto é considerado interno da Venezuela.

A embaixadora enfatizou que a própria Corte Internacional de Justiça (CIJ) não se pronunciou apenas sobre o plebiscito, mas também sobre qualquer medida que altere a atual situação, como determinou na última sexta-feira (1º). A decisão da CIJ ordenou que a Venezuela se abstivesse de qualquer ação com o intuito de anexar parte do território da Guiana.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, 10,5 milhões de eleitores participaram do referendo, sendo que 95,93% aceitaram incorporar oficialmente Essequibo ao mapa do país, concedendo cidadania e documento de identidade aos mais de 120 mil guianenses que vivem no território.

A embaixadora assegurou que o Brasil mantém diálogo “em alto nível” com os dois países e espera que a solução seja pacífica. Ela ainda destacou que a suspensão da Venezuela do Mercosul não dificulta as conversas no sentido de articular uma solução.

Sobre as negociações para concretizar um tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, Gisela Padovan comentou a posição contrária da França, manifestada pelo presidente Emmanuel Macron, durante a COP28, em Dubai. Macron chamou o acordo de “incoerente”, “mal remendado” e “antiquado”. A embaixadora ressaltou que a França sempre se opôs ao acordo, devido à quantidade de subsídios agrícolas no país.

Ela também anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na Alemanha para uma visita de três dias, em que deve reforçar acordos em diversos setores, incluindo um encontro com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz.

Na abertura da Cúpula Social, o vice-presidente da representação brasileira no Parlasul, o Parlamento do Mercosul, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou as objeções da União Europeia em relação ao acordo de livre comércio, defendendo a preferência para as empresas nacionais nas compras governamentais. Ele também ressaltou a importância de resolver de forma equilibrada questões relacionadas às compras governamentais e ao meio ambiente.

A posição da embaixadora e do deputado Chinaglia reflete o histórico de tensões e discussões envolvendo as relações diplomáticas do Brasil com a Venezuela e a União Europeia, assim como as disputas territoriais em questão. A confirmação do resultdo do plebiscito e os desdobramentos das negociações comerciais continuarão a ser acompanhados de perto nos próximos dias.

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