Em contrapartida, aqueles que utilizaram tais aparelhos por até uma hora diária tiveram uma pontuação 49 pontos maior em matemática, levando-se em consideração fatores socioeconômicos. O relatório avaliou cerca de 690 mil estudantes de 15 anos de 81 países, com foco especial no desempenho em matemática.
Outro dado alarmante foi a influência negativa dos dispositivos digitais na sala de aula, com aproximadamente 65% dos estudantes admitindo distração durante as aulas de matemática devido ao uso de celulares, tablets e laptops. No Brasil, esse percentual chegou a 80%, destacando-se também em outros países como Argentina, Canadá, Chile, Finlândia, Letônia, Mongólia, Nova Zelândia e Uruguai, onde a distração foi uma realidade para a grande maioria dos alunos. Ademais, 59% relataram que a distração foi ocasionada pelo uso desses dispositivos por outros colegas.
Dentro desse cenário, Japão e Coreia se destacam como exceções, apresentando níveis de distração notavelmente menores em comparação com países de pontuação acima da média na OCDE, com 18% e 32% respectivamente. O relatório reconhece que o uso de smartphones em escolas representa um desafio significativo para os educadores em todo o mundo.
Embora os resultados do relatório sejam preocupantes, a recomendação não é simplesmente proibir ou restringir o uso de dispositivos digitais no processo de aprendizagem. Em vez disso, as escolas devem buscar promover a integração responsável entre a tecnologia e o aprendizado, enquanto minimizam o tempo de uso para evitar desvios de atenção, bullying virtual e exposição da privacidade dos estudantes.
A análise do relatório também destaca que, em 13 países, mais de dois terços dos alunos frequentam escolas onde a entrada e o uso de celular são proibidos. No entanto, observou-se que o nível de distração em sala de aula era menor, apesar de os estudantes não apresentarem um comportamento mais responsável em relação ao uso dos aparelhos. Parece que a proibição pode, de certa forma, limitar a capacidade dos alunos de adotar um comportamento responsável em relação ao uso do telefone.
Em suma, o relatório do Pisa reforça a necessidade de repensar o papel dos dispositivos digitais na educação, visando estabelecer diretrizes eficazes para promover um uso mais consciente e responsável de smartphones e outros aparelhos pelos estudantes.