Manifestantes presos por protesto contra privatização da Sabesp permanecem detidos e geram debate sobre liberdade de expressão.

Dois manifestantes continuam detidos após protestarem na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) contra a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Na semana passada, quatro pessoas foram levadas à delegacia pela Polícia Militar durante a votação da proposta que autoriza a venda do controle acionário da estatal estadual. Entre os detidos, estão o professor Lucas Carvente e o estudante Hendryll Luiz, ambos acusados de quebrar móveis na Alesp e agredir policiais.

Após passarem a noite no 27° Distrito Policial, no Campo Belo, zona sul de São Paulo, o grupo foi encaminhado para uma audiência de custódia na quinta-feira (7). A Justiça decidiu manter a prisão em flagrante dos manifestantes, que continuam detidos. A advogada da Unidade Popular Raquel Brito, que acompanha o caso, alega que as prisões são injustas, descrevendo-as como ilegais e realizadas em um ambiente que deveria ser de debate democrático.

A advogada destacou ainda que a manutenção das prisões preventivas não faz sentido, uma vez que os detidos cumprem os requisitos necessários para responder em liberdade. Ela ressaltou que, mesmo sem entrar no mérito das acusações, a avaliação da parte processual demonstra que não caberia a manutenção da prisão, já que ambos possuem trabalho, residência fixa e não representam risco para o bom andamento do processo.

Por meio de nota, a Unidade Popular afirmou que continuará mobilizada até que todos os presos políticos sejam soltos e as acusações retiradas. Segundo a organização, lutar pelo acesso à água e à manutenção desse recurso natural como patrimônio do povo não pode ser considerado um crime.

O professor Lucas Carvente, de 26 anos, atua como docente em uma escola da rede estadual de ensino na zona sul de São Paulo, além de estar cursando mestrado em ciências sociais na Universidade Federal de São Paulo e ser militante do Movimento Luta de Classes. Já Hendryll Luiz, de 22 anos, é estudante de engenharia de petróleo na Universidade Federal de São Paulo, onde também é militante da União da Juventude Rebelião e reside em São Bernardo do Campo.

A decisão da Justiça em manter a prisão dos manifestantes gerou indignação e mobilização por parte de grupos e movimentos sociais. A defesa alega que as prisões foram arbitrárias e que as prisões desses manifestantes configuram uma violação dos direitos democráticos de expressão. A expectativa é de que a pressão da sociedade civil possa resultar na liberação dos detidos e no arquivamento das acusações contra eles.

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