A conversa proposta por Panamby abordou estados de escuta ampliada e os impactos do som nas corpas e ambientes. De banhos sonoros aos cantos dos corpos celestes, as sinfonias das florestas e a zuada das cidades, o evento buscou refletir sobre a potência dos sons enquanto frequências e manifestações do invisível.
Além da roda de conversa, Panamby ministrou o terceiro módulo “Tecnologia como Transmutação” do “Ateliê de Criação – Tecnologias Tranvestigêneres”. A formação artística é voltada exclusivamente para pessoas trans, travestis e não-binárias, que proponham diálogos entre os campos da arte e da tecnologia. Para esta ação, foram selecionadas dez pessoas, por meio de edital público, que receberão uma bolsa no valor total de R$3.000,00.
O evento contou com a participação de cerca de 87 pessoas inscritas, evidenciando o interesse e a necessidade de espaços como o Ateliê de Criação para fomentar a investigação das relações entre arte, tecnologia e as realidades vividas por pessoas trans, travestis e não-binárias. O programa busca abrir espaço para experimentações a partir de uma perspectiva transcentrada e propiciar a produção de obras coletivas e publicações digitais ao final da formação.
Castiel Vitorino Brasileiro, artista, escritora e psicóloga clínica, e DJ Viúva Negra foram os responsáveis pelos dois módulos anteriores do Ateliê, demonstrando o compromisso do programa em proporcionar uma diversidade de experiências formativas para os participantes. O MIS-CE também reforça a importância de iniciativas como essa em um país que ocupa o triste primeiro lugar em relação à mortalidade de pessoas trans, travestis e não-binárias. A instituição entende que é parte de sua missão promover iniciativas para fortalecer a luta por direitos civis e pelo direito primordial de todo ser humano: o direito de existir.
O Ateliê de Criação Tecnologias Transvestigêneres é um exemplo de como as instituições culturais podem contribuir para a promoção de políticas públicas no campo cultural, visando contribuir para a redução do número de violências contra pessoas trans, travestis e não-binárias no Ceará e no Brasil. E eventos como a roda de conversa “Oracular, auricular, oricular: pistas para órbitas sônicas” representam uma oportunidade de ampliar o diálogo e promover a visibilidade e o protagonismo das pessoas trans, travestis e não-binárias no campo das artes e da tecnologia.