Ativista trans Neon Cunha luta pelo direito de ter um nome e uma vida digna para a população LGBTQIA+ no Brasil.

Neon Cunha é uma ativista pelos direitos LGBTQIA+ e está na vanguarda de uma casa de acolhimento em São Bernardo Campo. Para ela, a importância de ter um nome está diretamente relacionada à importância de ter uma vida. Como mulher negra, ameríndia e transgênera, a representação do seu nome é a representação da sua vida. Segundo ela, a sociedade precisa entender a importância de ter um nome para ser reconhecido, vivido e lembrado.

Em um mundo que completa 75 anos de existência, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não menciona diretamente a importância de ter um nome, mas segue garantindo o direito de existir e viver com dignidade. Para Neon, isso tem sido uma batalha constante.

Desde muito jovem, ela aprendeu que teria que lidar com o racismo, a discriminação, a violência de gênero e a transfobia. Em um grupo com uma expectativa média de vida de 35 anos, Neon aprendeu muito cedo com a morte. Ela relata que suas amigas foram enterradas de forma que ela jamais reconheceria, com nomes masculinos em suas lápides. A sociedade, a família e o Estado negaram-lhes a dignidade na morte, justamente pela falta de reconhecimento do seu verdadeiro nome e identidade de gênero.

Essa situação a levou a entrar com um processo na Organização dos Estados Americanos para ter o direito de ser reconhecida como mulher. Neon pediu até mesmo a autorização para uma morte assistida, caso sua existência, expressa no gênero e no nome, não fosse reconhecida. Essa luta levou à vitória em 2018, quando seu nome e sexo foram retificados sem a necessidade de cirurgias de redesignação de sexo.

A população LGBTQIA+ tem conquistado avanços na sociedade brasileira, como o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, a retificação de sexo e o direito de adoção de filhos. No entanto, ainda há muito a avançar, visto que o Brasil lidera o ranking dos países que mais matam pessoas trans. Em 2022, foram registradas 131 mortes, além de 20 suicídios em decorrência da discriminação e do preconceito.

Para Neon, a luta continua em busca de plenitude dos direitos humanos. Ela busca políticas públicas, atuação como ativista e também a participação na política institucional para garantir que a humanidade entenda que ser trans é um código de liberdade. Este é um desafio a ser superado para garantir que a sociedade reconheça e respeite a identidade de gênero de todas as pessoas.

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