Projeto de LDO 2024 prevê novas regras para emendas parlamentares impositivas e gastos não contingenciáveis, além de destinação de verbas para o Fundo Eleitoral.




Comissão Mista de Orçamento aprova LDO para 2024

Comissão Mista de Orçamento aprova LDO para 2024

A Comissão Mista de Orçamento aprovou, na noite de quarta-feira (13), o relatório final do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2024, que estipula as regras para o Orçamento da União do próximo ano. Entre as principais novidades do PLN 4/2023 está a obrigação do governo federal de reservar (empenhar, no jargão da contabilidade pública) as emendas parlamentares impositivas no primeiro semestre de 2024.

O texto ainda precisa ser votado no Plenário do Congresso Nacional. A versão aprovada foi o substitutivo do relator, deputado Danilo Forte (União-CE). Ele já foi responsável por outros projetos de LDO, entre eles o de 2013, ocasião em que defendeu a instituição da emenda parlamentar impositiva.

Esse instrumento permite aos senadores e deputados determinarem gastos que devem ser feitos pelo Poder Executivo, cujas regras são definidas também na LDO de cada ano.

Pelo projeto, as emendas impositivas individuais ou de bancada estadual terão que ser empenhadas ainda nos primeiros seis meses do próximo ano. Serão R$ 25 bilhões para emendas individuais, e o governo terá 105 dias depois de divulgados os beneficiários para analisá-las.

Já as emendas de bancada totalizam R$ 12 bilhões e terão de ser analisadas pelo Executivo em até 90 dias. Depois deverão ser empenhadas em até 30 dias.

O empenho é uma fase na execução financeira do governo em que o valor de um gasto é “reservado” para posterior desembolso. Hoje não há prazo para esse procedimento. O governo costuma negociar com os parlamentares a data da liberação dos recursos oriundos das emendas em troca de apoio.

Com relação às emendas individuais, de bancada estadual ou de comissão para áreas da saúde e assistência social pagas com repasses diretos e automáticos da União, a transferência deverá ser feita até 30 de junho de 2024.

Outra novidade é que haverá um valor mínimo disponível às comissões legislativas, correspondente a 0,9% da receita corrente líquida da União, sendo dois terços para a Câmara e um terço para o Senado, o que representa R$ 11,3 bilhões em 2024. Os parlamentares também indicarão aos ministérios o destino do dinheiro.

As regras da LDO para o contingenciamento de despesa (restrição de gastos quando a meta fiscal não é observada) também preveem os setores que não serão afetados por esse instrumento de controle de gastos. Entre os novos gastos “protegidos” está o programa Antes Que Aconteça, de combate à violência contra as mulheres, lançado pela presidente da CMO, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB). O programa se baseará na destinação de emendas parlamentares individuais para que estados e municípios atuem sobre o tema.

O relatório mantém proposta do governo de déficit zero para 2024, ou seja, estipula que o governo não pode gastar mais do que arrecada. No entanto, as contas da União serão consideradas cumpridas se o resultado ficar entre um déficit de R$ 28,75 bilhões e um superávit de mesmo valor.

Após mudanças no texto, o relator retomou a proposta original do governo para que R$ 5 bilhões do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fossem retirados do cálculo para cumprimento das metas fiscais. A intenção é abrigar investimentos das empresas estatais no PAC.

As transferências especiais recebem novas regras de transparência no projeto. Chamadas de “transferência PIX”, elas permitem a disponibilização financeira de maneira rápida e diretamente ao estado ou município beneficiário, independentemente da celebração prévia de convênio ou acordo semelhante.

O relator suspendeu a obrigatoriedade de que os municípios com população inferior a 50 mil habitantes estejam adimplentes com o governo para firmarem esses acordos. E, nas transferências de recursos para entidades privadas, foi ampliada a possibilidade de atendimento de entidades sem fins lucrativos com recursos para obras.

O relatório aprovado prevê R$ 4,9 bilhões para financiar as eleições municipais de 2024, o mesmo valor autorizado para o pleito de 2022. No entanto, não há indicação de onde sairá o dinheiro.

Os integrantes da CMO mantiveram a tradição de manter o chamado Sistema S (Sesc, Sesi, Senai, Sebrae, entre outros), conjunto dos serviços sociais e de aprendizado criados por diversos setores da economia, fora do Orçamento no valor de R$ 26 bilhões.


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