Relatório de Islamofobia no Brasil revela aumento da intolerância após ataque do Hamas em Israel causou hostilidade contra a comunidade muçulmana.

Com o ataque organizado contra Israel pelo grupo Hamas em 7 de outubro, a comunidade muçulmana teme um aumento da hostilidade e intolerância em relação a eles. De acordo com a segunda edição do Relatório de Islamofobia no Brasil elaborado pelo Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (Gracias) da Universidade de São Paulo (USP), 310 pessoas responderam a um questionário sobre o aumento da intolerância após o ataque de outubro.

Os resultados mostram que mais de um terço dos homens participantes (36,8%) afirmou que já havia muita intolerância antes do ataque do Hamas, enquanto 47,2% disseram que havia pouca. No caso das mulheres, 45,1% apontaram que já havia muita intolerância antes do ataque, e 49,5% apontaram pouca intolerância. Em relação ao cenário pós-ataque, 56% dos homens e 69,2% das mulheres relataram um aumento significativo da intolerância.

O relatório também destaca a perspectiva de que as mulheres são as maiores vítimas da islamofobia no país. A maioria das mulheres (92,3%) acredita que a cobertura jornalística em torno do ataque de 7 de outubro contribuiu muito para a intolerância, assim como 88% dos homens.

A antropóloga, pesquisadora e docente Francirosy Campos Barbosa, que coordena o Gracias, destaca que a comunidade islâmica não está coletivamente preparada para enfrentar agressões nas redes sociais, deixando cada pessoa se defender individualmente. Ela também enfatiza a confusão entre a caracterização de muçulmanos, árabes e palestinos, enfatizando que os muçulmanos são predominantemente asiáticos e africanos, enquanto os árabes representam apenas a terceira maior população muçulmana no mundo.

A pesquisa também revelou que, após o ataque, muitos muçulmanos adotaram estratégias para se proteger, incluindo a mudança de vestimentas, especialmente entre as mulheres que usam véus islâmicos. Francirosy destaca casos de mulheres que sofreram xingamentos e olhares hostis em locais públicos, evidenciando a vulnerabilidade das mulheres muçulmanas a esse tipo de agressão.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) divulgaram um aumento no número de denúncias de discriminação e violência contra judeus, o antissemitismo, desde o 7 de outubro. Porém, a apuração não distingiu entre antissemitismo e antissionismo, tratando as críticas ao Estado de Israel como casos de discriminação contra a comunidade judaica.

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