Biomédica da USP conclui que nove vítimas do Massacre de Paraisópolis morreram por asfixia mecânica, não por pisoteamento.

Nesta segunda-feira (18), durante a segunda audiência de instrução do caso do Massacre de Paraisópolis, a biomédica do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Coaf) da Universidade de São Paulo, Ana Paula de Souza Velloso, prestou depoimento, concluindo que as nove vítimas morreram por asfixia mecânica, e não por pisoteamento, como alegado inicialmente. A profissional chegou a esse entendimento após examinar os laudos cadavéricos produzidos por legistas, assim como as fichas hospitalares dos jovens.

Segundo Ana Paula, as vítimas apresentaram escoriações e lesões superficiais, indicando a ocorrência de asfixia mecânica. Ela também destacou que uma das vítimas sofreu lesão na medula nervosa, juntamente com manifestações de asfixia. Além disso, a especialista ressaltou que substâncias como o gás de pimenta, amplamente usados pela polícia, podem desencadear piora nos quadros respiratórios já fragilizados.

Procurado pela Defensoria Pública de São Paulo para elaborar os pareceres, o Coaf tem seis especialistas de diferentes áreas envolvidos no caso. No entanto, Ana Paula pediu ao juiz responsável para não depor na presença dos 12 policiais que respondem pelo homicídio dos jovens. A defesa dos policiais questionou a imparcialidade da análise da biomédica, sugerindo que os jovens teriam entrado em coma alcoólico e que as mortes tiveram relação com o uso da mistura entre álcool e drogas ilícitas.

Além do depoimento de Ana Paula, a audiência contou com o relato de uma testemunha sob proteção, assim como o depoimento da doutora em antropologia social Desirée Azevedo, coordenadora da equipe do Coaf responsável pelo caso. A antropóloga dimensionou o total de materiais audiovisuais que foram analisados, incluindo áudios, vídeos, fotografias e registros do GPS das viaturas destacadas na operação.

O Massacre de Paraisópolis ocorreu em dezembro de 2019, quando uma ação da Polícia Militar em um baile funk resultou na morte de nove jovens. As autoridades alegaram que as mortes foram causadas por um pisoteamento durante a confusão instaurada no local, porém, um relatório elaborado pela Defensoria Pública de São Paulo contesta essa versão, apontando a asfixia como a causa das mortes.

A audiência desta segunda-feira foi marcada por uma série de depoimentos e análises de evidências, trazendo à tona diferentes perspectivas sobre o trágico evento. O caso continua a gerar intensos debates e disputas judiciais, alimentando a busca por justiça e esclarecimento. As próximas etapas do julgamento serão aguardadas com expectativa pela sociedade, à medida que o desfecho deste caso trágico se desenrola diante dos tribunais.

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