Além das homenagens póstumas a Vannucchi e Queiroz, a USP planeja promover mais 33 homenagens a estudantes assassinados pelo regime militar. O objetivo é “reparar as injustiças e honrar a memória dos ex-alunos”, informou a instituição. Segundo Renato Cymbalista, coordenador da Diretoria de Direitos Humanos e Políticas de Memória, Justiça e Reparação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, diplomar os estudantes assassinados na ditadura é uma forma de reparar uma dívida histórica que a universidade tem com esses estudantes que se destacaram academicamente e politicamente.
A USP criou sua própria Comissão da Verdade em 2013, que constatou que a ditadura militar foi responsável pela morte de 39 alunos, seis professores e dois funcionários da universidade. A comissão também recomendou a diplomação honorífica, que agora está sendo seguida pela instituição. A morte de Vannucchi Leme e Queiroz é um doloroso exemplo das violações aos direitos humanos ocorridas durante esse período sombrio da história brasileira.
O relato das mortes desses dois estudantes é cruel e chocante. Vannucchi, então com 22 anos, foi preso, torturado e morto por agentes do DOI-Codi, enquanto Queiroz foi executado a tiros por agentes do Dops. Ambos eram ligados à Ação Libertadora Nacional (ALN) e seus assassinatos são símbolos das atrocidades cometidas pelo regime militar.
No entanto, a concessão do diploma honorífico é apenas um passo no longo caminho pela justiça e condenação dos responsáveis pela ditadura militar, pois o Brasil ainda não foi capaz de condenar explicitamente os algozes desse período. Enquanto em países como a Argentina, perpetradores foram para a cadeia e estão pagando por seus crimes, no Brasil a lei da anistia anistiou tanto perseguidos quanto torturadores, o que impede a verdadeira justiça. Portanto, apesar da homenagem, a luta por justiça e reparação das vítimas da ditadura no Brasil continua.