Especialistas consultados pela Agência Brasil alertam que o prolongamento deste conflito pode levar a uma radicalização tanto da população palestina quanto da sociedade israelense, além de fortalecer grupos extremistas. O professor Michel Gherman, do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade de Jerusalém, destaca que um dos fatores que influenciará o curso da ofensiva é o cenário político interno em Israel. Com 80% da população apoiando a saída do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Gherman sugere que este conflito serve como uma estratégia para manter Netanyahu no poder.
Além disso, o risco de envolvimento de outros grupos armados, como o Hezbollah libanês e os houthis iemenitas, apoiados pelo Irã, também preocupa os especialistas. A possível entrada desses grupos no conflito poderia desencadear um cenário regional de guerra, aumentando ainda mais a complexidade da situação.
Por outro lado, o envolvimento dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Joe Biden, também pode influenciar no desfecho do conflito. Com Biden enfrentando eleições em 2024, os EUA têm mostrado sinais de pressionar Israel a moderar a ofensiva, visando preservar vidas civis e buscar uma solução pacífica para o conflito.
Os especialistas também apontam que, dentro do próprio Hamas, há forças divergentes sobre a continuidade da ofensiva. Enquanto membros do Hamas em Gaza preferem a continuação da guerra, aqueles exilados em países como o Catar buscam uma solução negociada, visando uma possível participação em um futuro governo em Gaza.
No entanto, a análise dos especialistas é unânime: o prolongamento da guerra não trará a desradicalização desejada. Pelo contrário, a tendência é que a violência alimente a radicalização em ambos os lados do conflito, promovendo um ciclo de violência sem fim.
A despeito das negociações em andamento e das pressões internacionais, a previsão é que a guerra em Gaza continue por tempo indeterminado, prolongando ainda mais o sofrimento da população palestina e a incerteza sobre o futuro da região.