Saídas temporárias de presidiários em debate: balanço de crimes e projeto de lei geram divergências no Senado.




Saídas temporárias de presidiários em debate no Senado

As saídas temporárias de presidiários, popularmente conhecidas como “saidões”, têm sido um tema recorrente de debate e discussão entre autoridades e especialistas. O direito garante aos detentos em regime semiaberto a possibilidade de deixar a prisão temporariamente em datas específicas, como feriados, para fins de ressocialização. No entanto, as notícias de evasão e de crimes cometidos durante esse período têm reacendido a discussão sobre a permanência desse mecanismo.

No Natal de 2023, o governo de São Paulo informou que 398 dos beneficiados pelo “saidão” foram recapturados por novos delitos. Além disso, um criminoso que usufruía do benefício confessou às autoridades que matou a cozinheira Renata Teles em um hotel em Campinas (SP). Esses acontecimentos têm levantado questionamentos sobre a eficácia e segurança do programa de saídas temporárias.

Para extinguir as saídas temporárias, a Câmara dos Deputados aprovou, em agosto de 2022, o Projeto de Lei (PL) 2.253/2022, que agora tramita na Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado. O projeto tem gerado um intenso debate entre os parlamentares e especialistas, evidenciando divergências de opinião sobre o assunto.

Divergências no debate

As opiniões acerca da extinção das saídas temporárias divergem significativamente. O relatório do senador Flávio Bolsonaro, favorável ao projeto, destaca que a superlotação e a precariedade das instalações do sistema carcerário comprometem a ressocialização adequada dos presos, aumentando o risco para a população no retorno dos presidiários às ruas.

Por outro lado, o senador Jorge Kajuru defende a importância das saídas temporárias como meio de reinserção social para os presos, visando evitar reincidência em novos crimes. Kajuru propõe uma emenda substitutiva para manter o benefício, argumentando que ele contribui para a paulatina reinserção social do apenado.

Além disso, o impacto na segurança pública durante as datas comemorativas é um ponto de discórdia. O secretário de Segurança Pública do Paraná ressaltou que a média de presos que não retornaram dos “saidões” entre 2022 e 2023 é de 10,5%, envolvendo-se em ocorrências criminais. No entanto, para o diretor da ONG Conectas Direitos Humanos, as informações são insuficientes para concluir que a liberação dos presidiários aumenta a insegurança.

Discussões no Senado

No Senado, o debate sobre o Projeto de Lei (PL) 2.253/2022 tem sido intenso, com diferentes propostas em análise. O projeto visa alterar a Lei de Execução Penal para aumentar as hipóteses do uso da tornozeleira eletrônica e prever casos de exame criminológico, além de extinguir as saídas temporárias.

Outras propostas também estão sob análise dos parlamentares, como o Projeto de Lei do Senado (PLS) 31/2018, que busca revogar os “saidões”. Já o PL 476/2023 pretende agravar a pena quando o crime é cometido durante saída temporária ou em outros casos fora da prisão.

Procedimentos das saídas temporárias

Para usufruir do “saidão”, o preso não pode ter cometido crime hediondo com morte nem infração disciplinar no presídio. Além disso, é necessário ter cumprido uma porcentagem mínima da pena e obter autorização do juiz de execução penal.

Embora as saídas temporárias sejam alvo de extenso debate e discussão, a decisão sobre a continuidade ou extinção desse mecanismo de ressocialização ainda está em aberto, requerendo uma análise cuidadosa e aprofundada dos impactos e consequências relacionados a essa questão.


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