Mostra multimídia revela sequestros de crianças durante ditadura no Brasil e seus impactos traumáticos

No Museu das Memórias (in)Possíveis, de Porto Alegre, está em exibição uma mostra multimídia que retrata as histórias de bebês, crianças e adolescentes sequestrados por militares durante a ditadura no Brasil. A exposição tem o objetivo de revelar como os sequestros foram sistematicamente escondidos, negados e ocultados da história nacional, além de trazer entrevistas com algumas das 19 vítimas desse crime.

Esses indivíduos são filhos de guerrilheiros, militantes de esquerda e oposicionistas ao regime de exceção. Eles foram adotados ilegalmente por famílias ligadas às Forças Armadas ou por pessoas relacionadas aos próprios militares. A mostra virtual intitulada “Cativeiro sem Fim”, baseada no livro-reportagem de mesmo nome do jornalista Eduardo Reina, também apresenta fotos e material obtido durante os anos de pesquisa.

A exposição conta com o apoio da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, que ressalta os efeitos traumáticos dessa forma de violência, ressaltando a importância da família na constituição psíquica dos sujeitos. No site do museu, é possível encontrar uma reflexão que aproxima o visitante dos sentimentos das vítimas.

Maira Brum Rieck, curadora da exposição e fundadora do museu, questiona: “Imagine que um dia você descobrisse que seus pais não são os seus pais, o seu nome não é o seu nome, e a história que lhe contaram sobre a sua vida toda é fundada numa mentira? Mas, muito mais que isso, descobrisse que aqueles que você chama de pai, de mãe estiveram envolvidos no assassinato ou desaparecimento de seus pais biológicos? O que você sentiria? O que restaria de você? Em quem você confiaria? Poderia confiar novamente? Onde você se agarraria para manter algo de si?”

A exposição permanente está disponível para o público no site do Museu das Memórias (in)Possíveis. Ao trazer à tona essas histórias de sequestro durante a ditadura brasileira, a mostra busca não apenas resgatar a memória dessas vítimas, mas também provocar reflexão e debate sobre o impacto duradouro desse tipo de violência.

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