Estado brasileiro será julgado na Corte Interamericana por omissão em assassinato e desaparecimento forçado de lideranças rurais da Paraíba.

Nesta quinta (8) e sexta-feira (9), o Estado brasileiro será julgado na Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) por suposta omissão nas investigações e falta de responsabilização pelo assassinato e desaparecimento forçado de lideranças de trabalhadores sem terra na Paraíba.

Os casos em questão são o assassinato do trabalhador rural Manoel Luiz da Silva em 1997, e o desaparecimento de Almir Muniz da Silva, liderança rural e defensor dos direitos humanos em 2002. Ambos os crimes aconteceram no contexto de conflito por terras e luta pela reforma agrária.

As organizações envolvidas no caso, como a Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Almir Muniz, a Comissão Pastoral da Terra da Paraíba, e as organizações Dignitatis e Justiça Global, apelaram à Corte IDH para cobrar a responsabilidade do Estado brasileiro em relação a esses crimes.

Para Eduardo Baker, advogado da Justiça Global, este julgamento é uma oportunidade para que a Corte se pronuncie sobre a relação entre a ausência de uma estrutura fundiária justa, a luta pela terra e a violência contra quem atua nessa luta.

No caso do assassinato de Manoel Luiz, a Corte IDH vai analisar se o Estado brasileiro foi omisso e não cumpriu sua obrigação de investigar e punir os responsáveis pelo homicídio. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) remeteu o processo para julgamento da Corte, afirmando que a omissão da polícia inviabilizou a persecução penal dos responsáveis.

Já no caso de Almir Muniz, a CIDH aponta para o envolvimento de policiais civis no desaparecimento do trabalhador, concluindo que a liderança rural “foi assassinada por um agente da polícia, com o desaparecimento dos seus restos, e que as autoridades atuaram com o consentimento ao não levar a cabo uma investigação com buscas imediatas e diligências”.

A Corte IDH é um tribunal regional de proteção dos direitos humanos, autônomo e com objetivo de aplicar a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. Caso o Estado brasileiro seja considerado culpado, a Corte pode determinar que o país tome medidas para reparar as famílias afetadas e também medidas para evitar que novos crimes como esses ocorram no país.

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