A ideia é visitar os espaços onde os grupos de capoeira estão localizados e entrevistar as pessoas responsáveis, além de produzir um banco de dados acessível para entidades de capoeira e pesquisadores. Em entrevista à Agência Brasil, o contramestre Renato Manoel de Souza, conhecido como Palito, destacou a importância de envolver no projeto apenas pessoas comprometidas com a capoeira, que historicamente tem sido alvo de ataques de racismo.
De acordo com Palito, a capoeira foi perseguida por ser uma manifestação cultural de africanos escravizados e hoje, os mestres negros continuam sendo vítimas de discriminação, mesmo com reconhecimento da sociedade. O contramestre afirmou que a discriminação é dirigida à pessoa negra e não à atividade em si.
Para Renato, o censo é um desdobramento de ações iniciadas entre 2018 e 2019 e foi impulsionado por audiências públicas promovidas por Leci Brandão (PCdoB), com o intuito de agilizar o levantamento nos municípios por meio da criação dos fóruns de capoeira.
O capoeirista salientou que a pesquisa censitária ajudará a qualificar as ações do movimento dos capoeiristas junto ao poder público, o que deve resultar em uma descentralização de recursos e políticas públicas para beneficiar diversos grupos. Segundo Palito, o lançamento do Edital de Fomento para a Capoeira em 2023, com um orçamento de R$ 2,5 milhões, resultou da aproximação desse movimento com as autoridades governamentais. A prefeitura empenhou cerca de R$ 5 milhões para a capoeira no último ano, destacou.
Portanto, essa iniciativa de mapear os grupos de capoeira na cidade de São Paulo é uma importante ferramenta para a valorização e preservação dessa manifestação cultural afrodescendente, que tem grande importância no desenvolvimento da maior cidade do país. A pesquisa censitária contribuirá para tornar visíveis os grupos de capoeira e suas necessidades, impulsionando ações que visam fortalecer e proteger essa expressão cultural tão marcante na história do Brasil.