Hospital Psiquiátrico Santa Mônica encerra atividades no Rio de Janeiro após novo relatório do MPRJ e encaminha pacientes para residências terapêuticas.

O Hospital Psiquiátrico Santa Mônica, localizado em Petrópolis, na região serrana fluminense, encerrou suas atividades no último dia 8. A decisão foi anunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que vinha monitorando a situação da unidade e investigando a morte de 15 pacientes desde janeiro.

De acordo com o MPRJ, o hospital privado era o último manicômio conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em funcionamento no estado do Rio. Um relatório de 2022 revelou que a unidade atendia a 154 pacientes, sendo que 97 estavam internados há dois anos e 47 deles estavam no hospital entre dez e 25 anos.

Além disso, o Ministério Público afirmou que o hospital não respeitava os direitos das pessoas internadas e não oferecia os serviços de saúde mental necessários.

A prefeitura de Petrópolis informou que os últimos 29 pacientes que estavam internados na unidade e que não tinham sido reinseridos em suas famílias foram encaminhados para residências terapêuticas na cidade.

A presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), Ana Paula Guljor, ressaltou que, embora ainda existam hospitais psiquiátricos com internações no Rio, o Santa Mônica era a última grande instituição com lógica manicomial no estado.

Ela observou que os manicômios são estruturas caracterizadas por internações de longa permanência, onde as singularidades dos pacientes não são respeitadas.

Guljor destacou a importância das residências terapêuticas como parte de um sistema de reinserção dessas pessoas, enfatizando a necessidade de criar uma rede de assistência para garantir a inclusão e recolocar as condições de existência desses sujeitos.

Por fim, a prefeitura de Petrópolis anunciou a inauguração de um novo Setor de Psiquiatria no Hospital Municipal Nélson de Sá Earp, que é referência no atendimento de emergência em Saúde Mental, com 11 leitos. A medida faz parte dos esforços para garantir o resgate da dignidade e dos direitos das pessoas com transtornos mentais, permitindo-lhes uma vida mais autônoma e integrada à comunidade.

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