Juiz autista vence desafios e conquista cargo no Paraná após diagnóstico tardio: “O diagnóstico foi libertador”

Na cidade de Volta Redonda, no sul fluminense, Ricardo enfrentou uma infância e adolescência difíceis, marcadas por dificuldades para se relacionar com os outros e evitar ambientes cheios. Desconfortável com a ideia de ser diferente e incompreendido, foi vítima de bullying, o que o levava a crer que era apenas chato, antissocial e enjoado. Foi somente na vida adulta que descobriu o motivo de suas dificuldades de socialização: ele é autista.

Ricardo Fulgoni, hoje juiz de direito atuante no Paraná, passou por um longo processo para aceitar seu diagnóstico de autismo. O impacto foi grande, mas ele sentiu um alívio ao entender que suas dificuldades tinham uma explicação. O diagnóstico tardio trouxe consigo a reflexão sobre rótulos, preconceito e a importância da conscientização sobre o autismo.

Durante a pandemia de covid-19, Ricardo, então oficial de Justiça, viu sua rotina de estudos para o concurso da magistratura ser prejudicada, o que o levou a um momento de crise e busca por ajuda profissional. Descobrir que as crises de desligamento que enfrentava eram típicas do autismo foi revelador e mudou sua abordagem para lidar com seus desafios.

Enquanto Ricardo trilhava seu caminho de aceitação e entendimento do autismo, a família de Mayara descobria que ela também era autista, com apenas dois anos de idade. A jornada de aceitação, inseguranças e adaptação familiar se tornou um tema central na vida de Lucinete, mãe de Mayara, que hoje preside a Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção.

O autismo, com seus diferentes níveis e manifestações, é uma condição complexa que afeta a interação social, comunicação e outras áreas do desenvolvimento das pessoas diagnosticadas. A conscientização sobre o autismo, além de combater o preconceito, busca informar sobre a importância do diagnóstico precoce e da inclusão dessas pessoas na sociedade.

No Brasil, os desafios em relação ao acesso a tratamentos, terapias, educação e inserção no mercado de trabalho ainda são significativos para as pessoas com autismo. A falta de políticas públicas robustas e o preconceito dificultam o desenvolvimento e a inclusão desses indivíduos.

Apesar das dificuldades enfrentadas por Ricardo, Mayara e tantos outros que vivem com autismo, a luta pela conscientização, aceitação e inclusão continua sendo fundamental para construir uma sociedade mais acolhedora e empática com as diferenças. O Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo serve como um lembrete da importância de promover a compreensão e a igualdade para todos.

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